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Educação: impasses precisam ser superados

01:30 | Mai. 18, 2019
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Passados cinco meses do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), um dos ministérios mais importantes da Esplanada - o da Educação - continua funcionando de forma errática, produzindo mais problemas do que propostas para essa área por demais sensível. Não por acaso, foi a partir das escolas e universidades, que se produziu a maior mobilização popular, desde as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O governo procurou reduzir a importância dos atos que se espalharam por todo o Brasil, na quarta-feira, chamando a massa estudantil - nas palavras do próprio presidente - de "idiotas úteis", manobrados por "espertalhões". Mas o que pôde ser comprovado é que, apesar de algumas reivindicações específicas de poucos setores terem destoado do móvel central da mobilização, a grande maioria dos estudantes foi às ruas para protestar contra o contingenciamento de verbas e o corte de bolsas de mestrado e doutorado nas universidades. Nem se entra aqui no mérito se estão certos ou errados os estudantes, mas o fato inescapável é que foi um ato importante, cujas consequências ainda estão por se observar.

E, nem bem os estudantes haviam deixado as ruas, estoura outra crise no Ministério da Educação: a demissão do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep), Elmer Coelho Vicenzi. Seu sucessor, Alexandre Lopes é o quarto nome a assumir o cargo, o que soma uma substituição a cada mês, praticamente. Sem contar que a pasta da Educação, em parcos cinco meses, já está no segundo titular.

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Essa situação, por si bastante dramática - o Inep é responsável pelas provas do Enem -, torna-se ainda mais grave quando se conhece o motivo que levou ao afastamento de Vicenzi: uma disputa em torno do pedido do ministro Abraham Weintraub em conhecer dados sigilosos dos estudantes, o que foi recusado pelo procurador-chefe do MEC. A intenção do ministro e do governo seria utilizar esses dados, entre outras ações, para criar uma carteira de estudantes, de modo a retirar essa tarefa da responsabilidade da União Nacional dos Estudantes (UNE), a principal fonte de renda da entidade estudantil.

O fato é que a indicação de titulares para o MEC - como é o caso do atual ministro e de seu antecessor -, partidários da teoria de que as universidades e as escolas em geral são o lócus de "esquerdistas", mais interessados em fazer "balbúrdia" do que em estudar, tem feito muito mal à educação brasileira. Se a situação assim persistir, o impasse continuará impedindo qualquer avanço nesse setor, que poderá, aí sim, transformar-se em um campo de guerra ideológica, o que poderá satisfazer alguns segmentos extremados, tanto da situação quanto da oposição, mas levará a educação brasileira a um beco sem saída. 

 

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