Pantera Negra para sempre: relembre trajetória de Chadwick Boseman

No dia 28 de agosto de 2020, morria Chadwick Boseman em decorrência de um câncer de cólon. Apesar de ter falecido aos 43 anos, o ator deixou seu legado no cinema

10:00 | Ago. 28, 2021

Chadwick Boseman faleceu aos 43 anos, em decorrência de um câncer de cólon (foto: VALERIE MACON / AFP)

Mais de três décadas foram necessárias para que a Marvel Comics criasse seu primeiro super-herói negro. A editora de quadrinhos já tinha dezenas de personagens famosos quando o Pantera Negra apareceu como um aliado do “Quarteto Fantástico”. Quando adaptado para o Universo Cinematográfico da Marvel, o famoso rei de Wakanda ganhou seu próprio filme em 2018. Nos cinemas, ele foi interpretado por Chadwick Boseman (1976 - 2020), que faleceu há exatamente um ano, no dia 28 de agosto de 2020, em decorrência de um câncer de cólon.

Logo após seu lançamento, “Pantera Negra” se tornou um símbolo para várias gerações. Era um longa-metragem que focava em um reino fictício da África, valorizava a cultura dos povos africanos, trazia pessoas pretas para os papéis principais e abordava a resistência negra sob a visão de quem experiencia essa realidade. Não só: também colocou em destaque várias referências sobre a luta do movimento negro por seus direitos e as consequências da escravidão nos Estados Unidos.

Entre as várias reflexões implícitas e explícitas, talvez uma das principais tenha sido quando o personagem Erik Killmonger (Michael B. Jordan) visita um museu na Europa e questiona: “Como você acha que seus ancestrais conseguiram os objetos? Acha que pagaram um preço justo? Ou que eles tiraram de nós, como tiram tudo o que querem?”.

A partir desse marco, crianças e também adultos negros ganharam um herói para chamar verdadeiramente de seu: o Pantera Negra. O rosto escolhido para representá-lo foi Chadwick Boseman, que já tinha alguns papéis de destaque, principalmente, em filmes biográficos, como “Marshall” (2017), “Get On Up - A História de James Brown” (2014) e “42” (2013)”.

Mas o ator enfrentava um câncer de cólon desde 2016, ao ser diagnosticado já em estágio grave. Nos anos seguintes, continuou atuando em grandes produções de Hollywood enquanto via sua doença avançar para a metástase. Nunca, porém, falou sobre o assunto publicamente. Os fãs foram pegos de surpresa com a situação quando descobriram sobre sua morte.

Depois do falecimento repentino, seu legado permaneceu: a Marvel, por exemplo, alterou a abertura de seu filme para várias imagens do astro em gravações e nos bastidores. Conteúdo pode ser conferido no Disney+.

Long live the King. #WakandaForever pic.twitter.com/FHiJDVQ3NS

— Marvel Studios (@MarvelStudios) November 29, 2020

A continuação das trajetória do super-herói, no filme “Pantera Negra: Wakanda Forever”, que está prevista para ser lançado em 2022, precisou ser alterada quatro vezes para dar sentido à história e honrar o ator. Apesar de seu nome no título, o personagem foi oficialmente aposentado. Mais detalhes sobre a história não foram revelados.

Em entrevista para o podcast "Jemele Hill Is Unbothered" em março deste ano, o diretor Ryan Coogler comentou sobre o processo de produção do segundo longa-metragem: “Esta é uma das coisas mais profundas que passei na minha vida, tendo que ser parte fundamental para manter esse projeto funcionando sem essa pessoa em particular (Chadwick) que é como a cola que o manteve unido”.

“Você passa a vida ouvindo sobre pessoas como ele. Para este indivíduo, que agora é um ancestral, eu estava lá para isso. É um privilégio tão incrível que o preenche tanto quanto o derruba. Tão frequentemente para os negros, temos que juntar os cacos após a perda”, refletiu.

Conquistas póstumas

Chadwick Aaron Boseman, nascido na cidade de Anderson, na Carolina do Norte, em 29 de novembro de 1976, não conseguiu ver algumas de suas produções estrearem nos cinemas. “Destacamento Blood” (2020), dirigido por Spike Lee, foi um deles. A trama conta a história de um grupo de veteranos da Guerra do Vietnã que retorna ao país dos conflitos para encontrar os restos mortais de seu comandante.

Entretanto, foi com “A Voz Suprema do Blues” (2020) que teve melhor recepção. O longa-metragem rendeu ao artista prêmios póstumos por sua atuação. Teve, por exemplo, nomeações no Bafta, no Globo de Ouro, no SAG e em outros.

A narrativa, filmada quase como se os atores estivessem em uma peça de teatro, acontece majoritariamente em um cenário, durante um diálogo. No enredo inspirado em fatos reais, Ma Rainey (Viola Davis) é uma cantora de blues que inicia uma sessão para gravar um álbum. Há, porém, tensão entre o trompista Levee (Chadwick Boseman) e os gerentes brancos que querem controlar a artista.

Recentemente, Boseman também participou de “E se…?”, série da Disney+ baseada nos quadrinhos, que foram publicados no Brasil na década de 1980, com o nome “O que aconteceria se…”. Ele emprestou sua voz para mostrar um conceito diferente ao Pantera Negra: “E se T’Challa fosse o Senhor das Estrelas?”.

O episódio, apesar de ser gravado antes de sua morte, emocionou os fãs pelas frases colocadas. Em dado momento, um dos personagens diz a Chadwick Boseman: “Vi muitos viajantes espaciais nos meus dias, garoto. E se eu aprendi alguma coisa observando você, foi que em qualquer planeta, entre quaisquer pessoas, não há um lugar nessa galáxia a que você não pertença”.

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