GWM inaugura fábrica no Brasil com produção de dois SUVs e uma picape

Operação inicia com peças importadas, mas meta da marca é nacionalizar 60% da produção até 2028

09:58 | Ago. 16, 2025

Por: Luciano Cesário
Inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis (SP) aconteceu nessa sexta-feira, 15 (foto: Divulgação/GWM)

A montadora chinesa GWM inaugurou sua fábrica no Brasil nessa sexta-feira, 15, em Iracemápolis (SP). É a primeira unidade produtiva da marca nas Américas e no Hemisfério Sul, e a terceira fora da China com base completa de produção – as outras estão localizadas na Rússia e na Tailândia.

 

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A planta brasileira inicia a operação com três modelos: Os SUVs Haval H6 e Haval H9, e a picape média Poer P30. A produção já está em andamento. O híbrido Haval H6 terá fabricação nacional das quatro versões que já são vendidas hoje no País. Já a Poer P30 e o Haval H9, ambos equipados com motorização turbodiesel, serão produzidos em versão única. Estes dois modelos devem ser lançados até 2026.

 

Veja imagens dos três modelos na nova fábrica no Brasil da GWM


O complexo de Iracemápolis pertencia à Mercedes-Benz e foi adquirido pela GWM em 2021, um ano após a alemã encerrar a produção de carros premium no local.


Segundo a chinesa, a unidade tem capacidade para produzir até 50 mil veículos por ano. A estrutura conta com área de soldagem, linha de pintura robotizada, linha de montagem, sistemas de fornecimento de energia e equipamentos, além de uma cadeia de suprimentos e logística integrada.


Com área total de 1,2 milhão de m², equivalente a mais de 160 campos de futebol, a planta opera com 600 trabalhadores. A expectativa é encerrar 2025 com 1.000 empregos diretos e dobrar o número após o início das exportações para países da América Latina.


Durante a cerimônia de inauguração, o CEO global da marca, Mu Feng, ressaltou o impacto dos investimentos da marca no mercado de trabalho local. "Com esta fábrica, não estamos apenas produzindo carros, mas também gerando empregos de qualidade no País e desenvolvendo tecnologia e inovação para todo o continente", disse o executivo.


A inauguração também contou com a presença do presidente Lula (PT), que visitou as linhas de montagem da planta e colocou o selo "Fabricado no Brasil" no primeiro veículo produzido em Iracemápolis, um Haval H6 branco.


A operação brasileira seguirá o sistema peça por peça (part by part), um processo que conta com conteúdo nacional já no primeiro ano, incluindo pintura para 100% dos veículos produzidos no País e incorporação de componentes de fornecedores nacionais.


A marca informou que tem mais de 110 empresas cadastradas interessadas em fornecer componentes, das quais 18 que estão participando da produção dos primeiros veículos, caso da Basf, Bosch, Continental, Dupont e Goodyear.

 

Expansão continental

 

Em conversa com o O POVO, o diretor de Operações da marca no Brasil, Diego Fernandes, afirmou que a produção nacional vai aumentar a confiança do brasileiro na montadora. “Isso vai fazer com que ainda mais pessoas sintam maior aproximação com a marca, maior segurança na compra de um veículo GWM”.


Após a consolidação da produção local, a meta da empresa é exportar para outros grandes mercados da América do Sul, a exemplo da Argentina, Chile, Paraguai e Peru. "O Brasil é um hub para exportação na América do Sul e América Latina pela sua representatividade em volume de vendas, sendo o oitavo mercado global. Enxergamos um potencial ainda maior do que esse", complementou Fernandes.


Para vender carros a outros países, a fábrica brasileira precisará nacionalizar pelo menos 60% da produção. O objetivo da chinesa é atingir esse percentual dentro de três anos. Inicialmente, a maior parte da fabricação é composta por peças importadas.

 

Aporte bilionário

A abertura da fábrica GWM no Brasil é parte do pacote de R$ 10 bilhões em investimentos da marca no Brasil até 2032. O montante é composto por uma primeira fase, de R$ 4 bilhões, que vai até 2026. Na segunda fase, a empresa investirá mais R$ 6 bilhões - entre 2027 e 2032.


A GWM é a primeira montadora homologada no programa Mover, do Governo Federal, que concede incentivos fiscais mediante cumprimento de metas de eficiência energética, redução de emissões e uso de tecnologias sustentáveis.


Durante a inauguração da fábrica, a chinesa anunciou também a criação do primeiro Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da marca na América do Sul. O centro contará com mais de 60 técnicos e engenheiros atuando no desenvolvimento e nos testes de produtos locais, com foco em tecnologia flex e na adaptação de veículos globais às condições de rodagem brasileiras e às preferências do consumidor.


O centro será construído no terreno ao lado da fábrica de Iracemápolis e terá 15.000 m² de área total.
Além disso, a montadora afirmou que está em busca de parcerias tecnológicas com institutos de pesquisa e universidades para o desenvolver novas tecnologias e formar profissionais de nível técnico até doutores.

 

 

*O jornalista viajou a Iracemápolis (SP) a convite da GWM Brasil