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Rara doença faz enfermeira perder os movimentos do corpo em pouco mais de 24 horas

Diagnosticada como portadora da síndrome de Guillain-Barré, Lidia diz que tudo começou quando sentiu que perdia a força nas mãos

15:27 | 11/08/2015
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Há cerca de 10 meses, a enfermeira espanhola Lidia García Villar, de 34 anos, viu sua vida e rotina normal mudar completamente em pouco mais de 24 horas.

Aos poucos, a mulher perdeu os movimentos do corpo e, para sua surpresa, passou a depender do "dia para a noite" de uma cadeira de rodas e da ajuda dos outros para fazer tudo.

"Me davam banho, me vestiam, me alimentavam... Você se sente super vulnerável", disse a espanhola em entrevista à BBC.

Diagnosticada como portadora da síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune por meio da qual o sistema imunológico começa a atacar o sistema nervoso, Lidia diz que tudo começou quando sentia perder a força nas mãos.  

Ela estava na casa de sua família, na Galícia, Espanha, mas inicialmente não deu tanta importância ao fato. Porém, a sensação da atrofia foi se tornando cada vez mais forte, a ponto da mãe não conseguir abrir e fechar a presilha do cabelo da filha, de 19 meses. "Depois senti os meus pés pesados", relembra.
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Apesar da sensação intensa, Lidia diz enfrentado dificuldades para explicar à família o que sentia. "Era difícil contar o que estava acontecendo. Ninguém me viu chorar, porque não sentia dor; é uma sensação que você mesma acha que não tem importância. Mas eu dizia a eles: 'Isso não é normal; aconteceu algo comigo'".

No dia posterior, a enfermeira conta que já não conseguia usar as mãos. "Eu não podia abrir uma porta, tomar banho ou me vestir".

Só após ter a constatação de que algo muito estranho ocorria com o seu corpo, Lidia se dirigiu ao hospital para se consultar com uma neurologista.

Um dia e meio depois, a atrofia afetaria outras partes do corpo e a mulher não conseguiria mais se levantar sozinha. "Em poucas horas, meus músculos estavam completamente atrofiados", diz a espanhola, que apesar de tudo se considera uma pessoa de sorte. "Pelo menos não tenho um tumor cerebral ou esclerose múltipla, uma doença deste tipo seria bem pior", afirmou ela.

Doença autoimune, a síndrome de Guillain-Barré é uma condição grave por meio da qual o sistema imunológico começa a atacar o sistema nervoso.

Recuperação


Apesar do efeito drástico no corpo, no entanto, a maioria dos pacientes da doença conseguem se recuperar depois de um ano. Lidia hoje tem poucas sequelas e se submete apenas à sessões diárias para recuperar os movimentos perdidos.

"Ainda não consegui recuperar totalmente a sensibilidade das mãos", explica ela.

Porém, atividades simples como colocar um sutiã ou ficar na ponta dos pés são ainda desafiantes para a otimista enfermeira, cujo desejo é voltar a trabalhar como antes, no setor de emergência de um hospital em Madri.

"Embora soe como um clichê, a doença mudou o modo como eu encaro minha vida. Agora dou valor a coisas pequenas, como sair para tomar um café, fazer compras ou levar a minha filha para o parque ...", conta emocionada.

Atrofia

Sem causa conhecida, a síndrome de Guillain-Barré é uma doença rara que faz com que as defesas do organismo destruam a mielina que envolve os nervos, que deixam de trabalhar.

Com os nervos parados, as ordens do cérebro não chegam aos músculos e estes, por consequência, se atroficam rapidamente e se tornam incapacitados em poucas horas.

Sem causa conhecida, a síndrome atinge em 60% das vezes os pacientes que tenham tido uma infecção bacteriana ou viral leve, como gripe, resfriado ou gastroenterite, conforme informações do NHS, o sistema de saúde público britânico.
Redação O POVO Online
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