Defesa de Bolsonaro nega plano de fuga e critica ação da PF: 'Vazio de indícios'

Advogados do ex-presidente afirmaram que ação da PF teve o "objetivo desmoralizar um ex-presidente da República"

20:21 | Ago. 22, 2025

Por: Taynara Lima
BOLSONARO é réu no STF, acusado de tentativa de golpe (foto: Evaristo Sá / AFP)

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou na noite desta sexta-feira, 22, sobre o rascunho de um pedido de asilo político na Argentina apontado pela Polícia Federal (PF). O ex-presidente e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) foram indiciados por coação durante a investigação em curso da trama golpista. 

Os advogados do ex-presidente afirmaram que o relatório da PF “causa espanto” e consideraram que o documento tem “o objetivo de desmoralizar um ex-presidente da República”, chegando a apontar a ação como “lawfare em curso”. O termo significa a utilização do sistema legal e judiciário como arma para derrotar um adversário. 

A defesa ainda declarou que parte das conversas extraídas e apresentadas não teria relevância para a investigação. 

Rascunho de pedido de asilo

Sobre o documento de pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei, os advogados destacaram que seria “um rascunho antigo feito por terceiros” e afirmaram que não pode ser considerado um indício de fuga.

“Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu. Pelo contrário, obedeceu a todas as decisões emanadas pela C. Suprema Corte, inclusive a que o proibia de viajar ao exterior, respondeu à denúncia oferecida, compareceu a todas as audiências, sempre respeitando todas as ordens deste E. STF. Sobre o cumprimento da Lei, as autoridades policiais deveriam lembrar que ora Peticionário foi preso em casa. A esta altura, falar em fuga para “impedir a aplicação da lei penal” parece não ter o menor cabimento”.

Após relatório da PF divulgado na última quarta-feira, 20, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para a defesa de Bolsonaro prestar esclarecimentos sobre o documento. 

Moraes também pediu explicações sobre o contato entre o ex-presidente e Braga Netto, também investigado. A defesa de Jair Bolsonaro destacou que a mensagem foi apenas recebida e não teve “qualquer comunicação por parte do ex-presidente”.

Conversas entre Jair e Eduardo

O documento ainda menciona os desencontros de opiniões e a briga entre Bolsonaro e Eduardo registrados nas mensagens. Em uma das conversas, o deputado federal xingou o pai após o ex-presidente chamar o filho de imaturo por divergências do parlamentar com o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo a defesa, as mensagens foram 'prontamente' publicizadas pelo relatório da PF e não deveriam ter importância na investigação.

“O relatório quis destacar o Peticionário falando de pesquisas de intenção de votos, seu filho criticando o outro pré-candidato, os desencontros de opiniões e mesmo a briga – íntima e privada – entre pai e filho. Tudo muito prontamente publicizado e publicado. Nada disso deveria importar no relato sobre a investigação”.

Os advogados também apontam que nenhuma das medidas cautelares impostas pelo ministro teriam sido descumpridas e consideram o WhatsApp como um aplicativo de mensagens e não uma rede social. 

“E vale lembrar que, nem quando da troca de mensagens com o filho, nem depois das novas medidas cautelares, o ex-presidente foi proibido de se manifestar ou mesmo dar entrevistas. Assim como não foi proibido de utilizar o WhatsApp, que um aplicativo de mensagens de uma rede pessoal e não social”.