Elmano sobre Júnior Mano: 'Ele votou no Capitão Wagner, não em mim'

Governador do Ceará destaca contradições em críticas recebidas e defende cautela diante das investigações da PF contra o parlamentar

12:10 | Jul. 15, 2025

Por: Marcelo Bloc
Governador Elmano de Freitas em entrevista ao O POVO News (foto: FÁBIO LIMA)

O governador Elmano de Freitas (PT) lembrou que o deputado federal Júnior Mano (PSB) apoiou Jair Bolsonaro (PL) e fez campanha para Capitão Wagner (União Brasil) em 2022, na disputa em que foi eleito para o Governo do Estado.

Recentemente o parlamentar foi alvo de operação da Polícia Federal que investiga desvio de emendas parlamentares e utilização em compra de votos nas eleições 2024. Júnior Mano nega envolvimento no caso.

"A oposição deve lembrar que o deputado Júnior Mano fez campanha para o Bolsonaro, fez campanha para o Capitão Wagner. Ele não fez campanha para mim, para governador. Após a eleição de 2022, deputado federal, ele passou junto com outros deputados a colaborar com base do governo do presidente Lula e teve uma aproximação, especialmente da campanha agora municipal, do nosso candidato prefeito Evandro Leitão (PT), como outros também tiveram essa aproximação", relembrou em entrevista ao programa O POVO News, nesta terça-feira, 15.

Júnior Mano e Capitão Wagner

Ainda sobre o assunto, o petista aproveitou para rebater ataques que recebeu do ex-deputado federal Capitão Wagner, ligando os embates de Júnior Mano na Justiça com seu governo.

"Eu nunca tive relação ruim com o Wagner. Nós temos uma relação de disputa política eleitoral, mas respeitosa e tal. Ultimamente, eu achei mais forte, não é? Porque, quando teve um episódio agora referente ao deputado Júnior Mano, ele fez uma vinculação a mim, mas o Júnior votou nele. E eu, pessoalmente, até fiquei triste com ele, porque eu não imaginei que ele fosse capaz disso. Atacar alguém que votou nele, não em mim", disse em entrevista na Redação do O POVO.

Posição de Cid Gomes

O chefe do Executivo estadual fez questão de ressaltar que quem levantou o nome de Júnior Mano para a disputa ao Senado foi o senador Cid Gomes (PSB).

"Na verdade, o deputado Júnior Mano, nesse momento, era uma posição do Cid (Gomes) dentro do PSB, de apresentar o nome dele para o Senado. Eu sempre disse que nós deviamos discutir a chapa majoritária em 2026. E continuo dizendo a mesma coisa. Nós vamos decidir nossa chapa, quem são os nomes, quais são aqueles que eu acho que devam ser os nossos representantes, vou dar minha opinião sobre os nomes, mas só darei lá para maio ou junho do ano que vem", explicou, durante o programa O POVO News.

Investigação não significa condenação

Advogado, Elmano disse que não teve acesso aos autos do processo, então não pode opinar diretamente sobre a investigação que envolve Júnior Mano. Para ele, é necessário saber o que há efetivamente de provas no inquérito.

"Já está sob controle do Poder Judiciário e, ao final, nós vamos saber exatamente o que é que tem de provas. Eu não conheço o processo, eu não sei que provas têm, eu não tenho condições de avaliar para condenar ou ou absorver alguém. Eu sou advogado, eu não dou opinião sobre processo em que eu não conheço os autos", desvencilhou-se.

Para Elmano, no entanto, estar sendo investigado não é sentença de condenação para ninguém. "Eu já vi situações em que, na Polícia Federal, se apresentava determinada alegação e quando você vai olhar as provas não é consistente daquilo que está sendo alegado. E já vi casos que apresentam questões, que tudo é comprovado pelas provas que têm nos autos. Então, preciso conhecer o processo e acho que tem um ministro que é muito preparado, ministro Gilmar Mendes, que vai apontar exatamente quais são as pessoas que seriam envolvidas não em destinação de emendas, porque destinação de emendas todos os deputados têm", explicou.

O governador defende que se tenha cautela para condenar ou absolver. "A questão é provar que aquela emenda, daquele deputado, teve um desvio de recurso e naquele desvio de recurso ele está envolvido no desvio. Ainda precisamos ter cautela para saber exatamente quais são as provas que demonstram que o parlamentar está envolvido com o desvio. O fato de ele ter destinado a emenda não quer dizer que ele tá envolvido. Pode ser uma coisa do prefeito, da empresa, não necessariamente dele, porque efetivamente, em regra, as emendas do deputado foram todas para os municípios. Eu acho que não podemos condenar nem prefeitos, nem um deputado, sem conhecer processo", disse no O POVO News.

Assista também: Entrevista com o governador Elmano de Freitas no OP NEWS