No Ceará, secretário geral do PT diz que sigla precisa reconhecer críticas e corrigir erros

"Nós não somos tão fortes nesse Brasil para nos dar o luxo de estar nos dividindo"

15:46 | Mai. 07, 2025

Por: Thays Maria Salles
Secretário geral do PT, Henrique Fontana, em plenária da corrente Resistência Socialista em Fortaleza (foto: Thays Maria Salles/O POVO)

O secretário geral do PT e ex-deputado federal, Henrique Fontana, afirmou que o partido tem de reconhecer críticas e corrigir erros. Ele esteve em Fortaleza nesta terça-feira, 6, em plenária da corrente Resistência Socialista, da qual faz parte. 

"Nós também não podemos botar o dedo em riste. Nós temos que ter humildade. Nós temos que reconhecer que algumas críticas que o nosso partido recebe são críticas justas, porque o nosso partido também já cometeu erros ao longo da sua história que ele tem que corrigir", disse Fontana.

Na ocasião, o secretário geral comentava sobre o papel da sigla em resgatar pessoas que um dia votaram em Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, para presidentes da República, mas, depois, optaram por Jair Bolsonaro (PL).

"Nós não podemos dizer que uma pessoa está ali repetindo algumas coisas que ela foi capturada por esses mecanismos aqui [apontando para celular] muito sofisticados, que ela virou uma pessoa de direita. Não, ela pode voltar a ser uma pessoa de esquerda. Ela pode voltar a acreditar na luta popular. Ela pode ser convencida a deixar o Bolsonaro, o bolsonarismo, a extrema-direita para trás e voltar para a esquerda. Porque tem milhões de pessoas que votaram duas vezes no Lula, na Dilma e, na eleição seguinte, votaram no Bolsonaro. Então, essas pessoas não são fascistas", avaliou. 

União da esquerda e filiação em massa

Ainda em discurso, Fontana mencionou a construção de uma frente ampla da esquerda, mencionando partidos como PDT e PSB, além dos federados PCdoB e PV. Para ele, "a história de fragmentações da esquerda tem que ser superada. E o PT é o líder disso".

"Nós não somos tão fortes nesse Brasil para nos dar o luxo de estar nos dividindo", complementou. 

Na oportunidade, o secretário geral do PT criticou filiações em massa registradas na legenda. Segundo o ex-deputado, são necessários "mecanismos para corrigir isso, para não corroer a democracia interna do partido".

"Precisamos de filiados conscientes, porque tem gente no nosso partido que está fazendo filiação em massa, e o PT quer ser um partido de massa, mas não de massa de manobra; não de colocar às vezes centenas, milhares de filiados, que não sabem nem direito em que partido entraram, só para ir lá no PED votar. Aí, dois meses depois, o cara nem se lembra mais que está filiado no PT", criticou.

Reeleição de Lula

Durante o discurso endereçado aos correligionários, Fontana pontou que, nos próximos 17 meses, os petistas terão que "terminar de criar as condições para reeleger o Lula presidente".

Questionado pelo O POVO sobre a possibilidade de Lula lançar um sucessor, como o cearense Camilo Santana, ministro da Educação, em vez de tentar reeleição, o secretário geral reafirmou o posicionamento e disse que o chefe do Executivo brasileiro está "motivado".

"De fato, o PT e o nosso campo político, temos muitos líderes de qualidade que poderiam ser candidatos a presidente da República, dentre eles o nosso ministro Camilo. Mas, na eleição do ano que vem, nós vamos apresentar a candidatura à reeleição do presidente Lula", reforçou Fontana.

Ciro e PDT

Ao ser perguntando acerca de o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) apoiar bolsonaristas no Ceará, o secretário geral foi cauteloso, repelindo o que considerou "personalização" da disputa.

"A nossa preocupação central é a questão nacional. Eu acho que a gente não deve, assim, fazer uma análise personalística do tema; quer dizer, a minha visão é de que o presidente Lula vem fazendo um excelente governo no País, pegou-o com enorme dificuldade e está reconstruindo-o. Isto faz com que a popularidade dele cresça, e vai facilitar a montagem desta aliança, que será uma aliança, como eu digo, que tem que ir desde o campo da esquerda, centro-esquerda, até os setores de centro e de centro-direita que tem compromisso com a democracia. Nós queremos trazer para essa aliança", desenvolveu.

Fontana também ponderou que o PDT é "muito importante" nesta estratégia. "Nós vamos nos dedicar fortemente para que o PDT permaneça na nossa aliança nacional e, obviamente, aqui as questões do Estado são coisas que as lideranças do Estado vão conduzir".