Aplausos para Bolsonaro, prefeito cantor e carta de Lula: Marcha para Jesus ganha tom político em São Paulo
Evento contou a presença de prefeitos, governadores, pré-candidatos e demais representantes do poder público, todos visando uma aproximação com o público religioso
14:02 | Mai. 31, 2024
Reunindo milhares de evangélicos nas ruas de São Paulo-SP, a 32ª edição do ‘Marcha para Jesus’, além do aspecto religioso, contou com um forte tom político e até mesmo eleitoral. Realizada nessa quinta-feira, 30, feriado de Corpus Christi, o evento contou a presença de prefeitos, governadores, pré-candidatos e demais representantes do poder público, todos visando uma aproximação com o público religioso.
Houve salva de palmas para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dueto musical com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), pregações bíblicas do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), além de discursos dos governadores Ronaldo Caiado (União Brasil) e do secretário de Governo e presidente do PSD Nacional, Gilberto Kassab (PSD).
O próprio presidente Lula (PT), apesar de não ter comparecido, enviou uma carta, lida pelo representante, o advogado-geral da União, Jorge Messias. No texto, ele afirma que o governo “busca promover uma vida digna à família brasileira”, salientando um “papel fundamental da Igreja na “ação social e no suporte espiritual de seus fiéis.” Lula foi convidado ao evento, mas não compareceu.
O presidente ainda relembra o projeto de lei que incluiu a marcha no calendário religioso nacional, sancionado em seu segundo mandato. “Ver esse resultado só aumenta o orgulho que sinto de ter sancionado a Lei que criou este Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, ainda no meu segundo mandato como Presidente da República”, diz o texto.
Pastor pede aplausos ao ex-presidente Bolsonaro
Também ausente do evento, o nome de Bolsonaro não deixou de ser citado. Puxado pelo apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, o ex-presidente recebeu uma salva de palmas, após a mensagem de que ele teria “mandado um abraço” para os presentes na marcha.
Segundo Estevam, Bolsonaro só não estava presente pois estava “uma missão para arrecadar alimentos, para o Rio Grande do Sul.
O pastor ainda citou uma conversa com Bolsonaro, na qual ele havia o orientado a apoiar a gestão de Tarcísio “Um dia eu estava em Brasília com o presidente Bolsonaro. Ele falou ‘você vai apoiar em São Paulo o Tarcisio’. Ele foi em casa um dia, a gente tomou um café e ali identificamos um grande homem de Deus. O governo do estado de São Paulo tem em seu comando um homem que é servo de Jesus Cristo”, contou.
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Pré-candidatos e possíveis presidenciáveis utilizam palanque do evento
Ricardo Nunes foi o primeiro a discursar, acompanhado da primeira-dama da capital paulista Regina Carnovale Nunes. Ao subir no palco, ele chegou a cantar brevemente um louvor com o cantor gospel Ton Carfi. “Eu amo Jesus Cristo”, exclamou Nunes ao fim do dueto.
No discurso, frisou a magnitude do evento e agradeceu a presença de todos. “Esse grande evento está abençoando nossa cidade, nosso estado, nosso país e o mundo. Saímos daqui com a nossa fé renovada”, disse.
Nunes é pré-candidato à reeleição em São Paulo, no pleito deste ano. Ano passado, ele não compareceu ao evento. Outros pré-candidatos ao pleito municipal, como os deputados Guilherme Boulos (Psol) e Tabata Amaral (PSB) não compareceram à Marcha.
Logo após, subiu ao palco o governador do Estado, Tarcísio de Freitas, que chegou a citar versos bíblicos e pedir orações ao público. Por outros presentes, como o deputado federal e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcos Pereira (Republicanos), o governador foi referenciado como “servo de Deus.”
Outro gestor executivo estadual, Ronaldo Caiado, de Goiás, discursou, pedindo orações para as vítimas do Rio Grande do Sul e pedindo reforço para a segurança pública brasileira.
Ambos, Tarcísio e Caiado, são cotados como possíveis opções de candidatos para o pleito presidencial de 2026.
André Mendonça diz que “povo de Israel está sofrendo”
Os discursos englobaram até o cenário geopolítico internacional. Durante o discurso no evento evangélico, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou sobre o conflito na Faixa de Gaza, citando “muita dor e sofrimento” do povo de Israel.
“Este é momento de maior perseguição que o povo de Israel sofre desde o holocausto. Logicamente que todos nós queremos a paz, o fim da guerra. Mas para isso, o povo de Israel precisa da devolução dos reféns. A minha oração é que nós conclamemos para que os reféns sejam devolvidos”, disse o ministro indicado à Corte pelo presidente Jair Bolsonaro.
Demais presenças
Também subiram ao palco Gilberto Kassab (PSD), secretário de Governo e Relações Institucionais de Tarcísio; os deputados estaduais Jorge Wilson (Republicanos-SP) e Eduardo Nóbrega (PODE); e os deputados federais Rosana Valle (PL-SP) e Alex Manente (Cidadania-SP).