Gonet demite servidor da PGR que compartilhou mensagens golpistas pelo WhatsApp
Ele ocupava um cargo na Secretaria de Segurança Institucional da Procuradoria, com um salário de R$ 5, 2 mil
17:21 | Jan. 11, 2024
O recém-empossado procurador-geral da República, Paulo Gonet, demitiu, ainda na primeira semana de janeiro, o servidor do órgão que compartilhou mensagens golpistas e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo WhatsApp. A exoneração de Antônio Rio Palhares foi publicada no Diário Oficial no dia 2 de janeiro.
Mais informações ao vivo:
O funcionário foi flagrado pela Polícia Federal em trocas de mensagens golpistas com o dono da Tecnisa, Meyer Nigri, e mencionado no relatório encaminhado à Suprema Corte.
As investigações apontam que Palhares, ao comentar sobre um possível encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com ministros do Supremo em 2021, afirmou que “apenas uma ação das Forças Armadas poderia enquadrar o STF”.
Ele também divulgou um vídeo do ministro Luiz Fux sobre a reunião, que acabou não acontecendo, e escreveu que “foi só os militares baterem os coturnos mais forte e o presidente do STF Luiz Fux foi pedir ‘penico’ a Bolsonaro”.
“A investigação também identificou a atuação direta de Meyer Nigri na divulgação de conteúdos demonstradamente falsos, os quais, conforme mensagens expostas ao longo do relatório, seriam sequencialmente difundidas por Niko Palhares, servidor comissionado da Procuradoria-Geral da República”, consta no relatório da Polícia Federal.
As conversas foram encontradas após Nigri ser alvo de um mandato de busca e apreensão por integrar um grupo de empresários que discutia teses golpistas. Palhares também teria tentado intermediar o encontro de Nigri com outros integrantes da PGR. Ele ocupava um cargo na Secretaria de Segurança Institucional da Procuradoria, com um salário de R$5, 2 mil.
Investigação contra Nigri
A Polícia Federal sinalizou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pediu, por meio de mensagens, que o empresário “repasse ao máximo” informações que insinuavam, sem provas, uma fraude do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições presidenciais de 2022.
Relatório da PF mostrou que a mensagem de Bolsonaro foi recebida por Nigri em junho de 2022. O ex-mandatário costumava encaminhar a mesma mensagem para diversos contatos, o que sinaliza que a informação possa ter sido enviada a outras pessoas.
À época, um contato identificado como “Pr Bolsonaro 8”- que a PF afirma ser do ex-presidente - enviou a Nigri uma mensagem afirmando que Barroso cometeu “interferência” e “desserviço à democracia” por ser contrário à adesão do voto impresso. O texto pontua, sem provas, que o instituto de pesquisa Datafolha estaria “inflando” os números do então pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para “dar respaldo” ao TSE.
Ao fim da mensagem consta a seguinte frase: “Repasse ao máximo”. Nigri respondeu: “Já repassei pra vários grupos”. Parte da conversa entre Bolsonaro e Nigri foi usada no argumento do ministro Alexandre de Moraes para prorrogar a investigação contra o empresário.
Moraes concordou com um pedido da PF e considerou que o órgão “ratificou a existência de vínculo entre ele (Nigri) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito”.
Em comunicado enviado à imprensa, a defesa de Meyer Nigri reiterou que ele “jamais foi disseminador de notícias falsas, mas apenas, de forma eventual e particular, encaminhou mensagens de terceiros no aplicativo WhatsApp para fomentar o legítimo debate de ideais”.
O documento acrescenta que o empresário “sequer possui contas em redes sociais como Twitter, Facebook, Instagram, nem em qualquer outra plataforma de disseminação em massa”.
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