Irritação de Bolsonaro com recomendação de vacina para militares faz Exército preparar nota de esclarecimento

Embora o chefe do Planalto tenha se irritado, a diretriz do Exército acompanha uma portaria de 29 de novembro do ano passado, feita pelo próprio Ministério da Defesa

11:14 | Jan. 08, 2022

Braga Netto foi denunciado junto de Bolsonaro, mas foi absolvido (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou com a orientação do Exército para os militares se vacinarem para a volta presencial aos trabalhos e com a vedação a respeito de disseminação de notícias falsas. Durante reunião na tarde desta sexta-feira, 7, com representantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, manifestou a contrariedade com o impacto da diretriz assinada pelo comandante da Força, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que se impressiona com as condutas do presidente.

Conforme apuração do jornal O Globo, o Exército havia iniciado a discussão sobre a elaboração de uma nota, onde seria pontuado que não é obrigatório a imunização para retornar às atividades. O governo espera que a mesma seja divulgada ainda hoje.

Ainda segundo O Globo, o texto de oito páginas, que foi assinado pelo comandante na última segunda-feira, 3, reconhece que o aumento da vacinação viabiliza a probabilidade de os trabalhos se normalizarem. Entre os 52 itens presentes no texto, o Exército ressalta que a volta ao trabalho pode ser avaliada desde que o intervalo de 15 dias após a imunização seja atendido. “Os casos omissos sobre cobertura vacinal deverão ser submetidos à apreciação do Departamento Geral do Pessoal (DGP), para adoção de procedimentos específicos”, diz o texto.

Outra parte do texto que chateou o Planalto é a que versa sobre o espalhamento de notícias falsas. “A prestação de informação falsa sujeitará o militar ou o servidor às sanções penais e administrativas previstas em lei”. Além desta orientação, os militares também recomendam aos familiares verificarem se as informações são de fato verdadeiras. “Não deverá haver difusão de mensagens em redes sociais sem confirmação da fonte e da veracidade da informação. Além disso, os militares deverão orientar os seus familiares e outras pessoas que compartilham do seu convívio para que tenham a mesma conduta”, diz o documento.

O alerta sobre as notícias falsas não é algo novo da diretriz anunciada nesta semana pelo comandante Paulo Sérgio. No começo da pandemia de covid-19, uma diretriz já fazia referência sobre notícias falsas, assinada pelo ex-comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, em 30 de março de 2020.