Moro contradiz Bolsonaro e nega que Valeixo tenha pedido demissão

Ex-ministro pontou ainda, na publicação, que a exoneração não foi informada previamente a ele. O presidente chegou a dizer que Moro queria usar a saída do diretor da PF como moeda de troca por vaga no STF

19:15 | Abr. 24, 2020

Ministro da Justiça Sérgio Moro na passagem por Fortaleza (foto: Fábio Lima)

O ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro foi às redes sociais para rebater a fala do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) sobre suposto pedido de demissão do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo. O presidente exonerou o então comandado de Moro, fato que resultou no pedido de demissão do ex-juiz da Lava Jato do Governo, anunciada por meio de coletiva na manhã desta sexta-feira, 24.

Na publicação da demissão de Valeixo no Diário Oficial da União (DOU) consta a assinatura do Sergio Moro, então ministro da Justiça e Segurança Pública, e diz que a saída é "a pedido" do diretor-geral da Polícia Federal.

Moro pontuou ainda que Valeixo estava "estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído".

De fato,o Diretor da PF Maurício Valeixo estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído.Mas,ontem,não houve qualquer pedido
de demissão,nem o decreto de exoneração passou por mim ou me foi informado.https://t.co/zadUXo3J4P

— Sergio Moro (@SF_Moro) April 24, 2020

O presidente chegou a dizer que o ex-ministro falou que aceitaria a troca no comando da PF se fosse indicado para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Sergio Moro rebateu e afirmou que nunca utilizou a nomeação ao STF como moeda de troca. "A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF", rebateu Sergio Moro no Twitter.

PGR pede abertura de inquérito contra Moro

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu hoje, sexta-feira, 24, ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar as declarações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que pediu demissão do cargo e fez acusações contra o presidente Jair Bolsonaro. Entre as medidas solicitadas ao STF, Aras pediu que seja determinado o depoimento de Moro.

De acordo com o procurador, os fatos evidenciam supostos crimes de falsidade ideológica, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, coação no curso do processo ou denunciação caluniosa e crime contra a honra. Em pronunciamento em rede nacional, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) negou que tenha pedido informações sobre processos em investigação da Polícia Federal, rebatendo acusação de Moro ao pedir demissão.