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Na CPI do BNDES, Miguel Jorge diz que palavra 'lobby' foi demonizada

15:40 | 20/10/2015
O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge disse nesta terça-feira, 20, que a palavra "lobby" foi demonizada no Brasil. Ele defendeu o uso positivo e lícito do lobby e explicou encontro com o ex-presidente da Namíbia Hifikepunye Pohamba, no qual foi acusado de atuar como lobista, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nome da empreiteira Odebrecht.

O nome do ex-ministro de Lula consta em e-mail de 2008 interceptado pela Polícia Federal em investigação na Odebrecht. Em um e-mail, segundo avaliação da PF, Marcelo Odebrecht e dois executivos da empreiteira conversaram com Miguel Jorge e receberam a resposta de que "PR fez o lobby" em favor de uma obra da companhia na Namíbia.

Em depoimento à CPI do BNDES, o ex-ministro confirmou que a sigla "PR" diz respeito a Lula. "Eu deveria ter substituído a palavra por diplomacia comercial? Talvez", disse. Ele explicou que a mensagem se referia a um almoço promovido por Lula no Itamaraty para receber o presidente da Namíbia.

"Essa conversa que eu tive com o presidente foi num almoço para 300 pessoas no Ministério de Relações Exteriores, numa mesa com dez pessoas, com ministros da Namíbia e do Brasil. Eu disse: 'Presidente, nós temos interesse em uma obra na Namíbia'. Ele respondeu: 'Eu já sei, não precisa falar mais, tem um interesse que o Brasil fique com essa concorrência'. Foi exatamente isso que aconteceu", afirmou.

De acordo com o ex-ministro, sem citar nomes ou se referir diretamente à Operação Lava Jato, o termo "lobby" foi demonizado no País nos últimos dois anos. "Isso não é lobista, isso aí é crime. Não tem nada a ver com lobby. Lobby, se nós formos para o dicionário Aurélio, é a tentativa de convencimento por meios lícitos. É a reunião pública, que pode ser gravada, que pode ser publicada, isso é lobby", disse.

Ele defendeu que o Congresso aprove uma regulamentação do lobby. "É uma profissão honesta e correta em todos os lugares do mundo", explicou, citando exemplos de líderes mundiais que viajavam para outras nações em defesa dos interesses de empresas de seus países, como a rainha Elizabeth II, Bill Clinton e Nicolas Sarkozy.

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