Debater impeachment não é golpe, diz Moreira Franco
Na manhã desta quarta-feira, 21, líderes de partidos da oposição protocolaram um novo pedido de impeachment da presidente e conversaram com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prometeu analisar o documento com "isenção".
Para Moreira Franco, um dos aliados mais próximos do vice-presidente Michel Temer, a questão do impeachment está sendo posta na agenda nacional pela própria Presidência da República. "Eu não compreendo, acho um equívoco, um erro (Dilma insistir na desqualificação do impeachment). Não é uma iniciativa que cabe à Presidência colocar e manter", destaca o presidente da FUG. "Para se ter um golpe, é preciso ter militar no meio, sem militar não é golpe, e o impeachment está previsto na própria na Constituição, enquanto insistir nessas declarações, mais vai estimular esses movimentos."
Rompimento
Moreira Franco disse na entrevista que seu partido vai realizar o congresso da Fundação Ulysses Guimarães no dia 17 de novembro para discutir soluções para a crise que afeta o País e propor medidas para a retomada do crescimento. Inicialmente, o PMDB iria realizar também em novembro o I Congresso Nacional do PMDB. Mas, para tentar apaziguar os ânimos dos correligionários que acham que ainda é cedo para a sigla anunciar o rompimento com o governo Dilma e conter os que querem o rompimento imediato, apenas o evento da FUG será realizado neste dia. O baiano Geddel Vieira Lima já anunciou que a Bahia vai pressionar para manter o congresso da sigla e outras lideranças apostam que, independentemente do evento, a discussão sobre romper ou não com o governo do PT será destaque.
Moreira Franco avalia que, apesar de o rompimento com o PT não estar em pauta e de não haver deliberação, a questão está em debate. "Respeitamos muito o direito de debater, de divergir, de falar, pode ser que um ou outro queira falar e apresentar moção no congresso, mas isso é da natureza democrática do PMDB. Essa questão está em debate, mas no congresso não será deliberado nada. Este é um processo que passa por várias instâncias partidárias. Os que defendem essa tese querem formar maioria em torno dela, e se formar, a maioria será respeitada."
Cunha
Moreira Franco falou também sobre as acusações que pesam sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, líder de seu partido. "O PMDB sempre garante condições para que seus militantes expliquem e se defendam. Nossa expectativa - não somos Poder Judiciário, portanto, não julgamos - é que Cunha prove o que vem dizendo. Do ponto de vista do partido, ele sempre terá todas as condições para exercer esse direito (de defesa)."
Na entrevista, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães disse ainda que o partido deverá ter candidatura própria no pleito presidencial de 2018. "Temos de ter nosso candidato e conversar com as forças políticas para ver se elas concordam conosco. Não há preconceito com partido algum", disse, citando o PT.
Sobre a filiação de Marta Suplicy (ex-PT) à sua legenda, virtual candidata às eleições municipais em São Paulo no ano que vem, Moreira Franco destacou que a senadora é um grande nome. "Eu voto em Niterói (no Rio de Janeiro), mas é uma grande contribuição tê-la em nossos quadros e vir a tê-la numa disputa eleitoral."