Pacote do ajuste gera efeito cascata estadual
Desde o começo do ano, alguns governadores têm tomado algumas medidas relacionadas à redução de gastos. As discussões sobre aumento de impostos ainda ocorriam de forma tímida, apesar das dificuldades até mesmo para honrar compromissos, como o pagamento de salários do funcionalismo - como ocorreu no Rio do Grande do Sul, onde os vencimentos dos servidores foram parcelados. Um dia após o anúncio do pacote federal, ontem foi a vez, porém, do governo do Distrito Federal divulgar o seu pacote de ajuste.
Extremamente dependente de repasses da União, a capital do País enfrenta problemas para pagamentos de salários e de fornecedores. O ajuste de Rollemberg inclui o aumento das passagens de ônibus, IPTU, ICMS de TV por assinatura, bebidas, cigarros e até mesmo do preço dos restaurantes populares - nesse caso, de R$ 1 para R$ 3. Além disso, servidores de carreira vão ficar sem reajuste, o que deve gerar uma economia de R$ 400 milhões neste ano.
Para tentar mostrar que fará sua parte, o governador anunciou um corte de 20% do seu próprio salário, do vice-governador, secretários e funcionários comissionados indicados politicamente. Somado às medidas anteriores, o ajuste deve chegar a R$ 5,25 bilhões no total, o suficiente para cobrir o rombo nas contas do DF, segundo o governo local.
Nordeste
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) também avalia elevar impostos. "Por ora, estamos tentando cortar despesas de custeio, como a redução dos gastos de gasolina e energia do governo", disse o secretário de Fazenda, Márcio Stefanni, ao Estado. "Não descartamos, em nenhuma hipótese, o aumento de qualquer tributo".
No Rio Grande do Norte, o governador Robinson Faria (PSD) tomou a polêmica decisão de retirar dinheiro do fundo previdenciário do funcionalismo público para honrar as despesas com pessoal. Até o momento, o débito do Estado é de R$ 544 milhões.
A situação das contas dos Estados piorou nos últimos meses por uma confluência de fatores. Do lado das receitas, a política de desoneração de tributos corroeu uma parcela da arrecadação das economias estaduais, que já sentiam o impacto da menor atividade econômica. A União fechou a torneira dos empréstimos e reduziu as transferências federais. Além disso, as despesas cresceram em ritmo superior às receitas, principalmente por causa dos custos com folha de pagamento e benefícios previdenciários.
"O problema acontece em quase todas as 27 unidades da federação. Entre elas, cerca de 70% já estão conseguindo cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal", afirmou a presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Administração, Alice Viana.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.