A cúpula do PSDB se reunirá nesta terça-feira, 18, em Brasília para traçar sua estratégia pós-manifestações pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff. Com a declaração pública do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugerindo a renúncia da Dilma, os tucanos - até então divididos - agora se sentem mais à vontade para aumentar a pressão pelo afastamento da petista.

"Fernando Henrique soltou as rédeas. Tirou as amarras que poderíamos ter, porque era ele quem segurava", comentou um líder do partido. No Facebook, FHC falou que Dilma deveria adotar um "gesto de grandeza", renunciando ou assumindo seus erros. "Se a própria Presidente não for capaz do gesto de grandeza - renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional -, assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato. Até que algum líder com força moral diga, como o fez Ulysses Guimarães, com a Constituição na mão, ao Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais", escreveu.

A expectativa é que os tucanos reforcem a pressão sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pela admissibilidade dos pedidos de impeachment protocolados na Casa. Na avaliação dos tucanos, os protestos trouxeram "um tempero" a mais nos ânimos da Casa e mantém o sentimento antigoverno entre os parlamentares.

"Isso mantém o governo no canto do ringue", comentou um tucano. Eles acreditam que, num primeiro momento, a responsabilidade para levar adiante a mensagem das ruas recai sobre os partidos de oposição, que precisam aproveitar o momento e se articular. O partido de oposição considera que o fato de Cunha ter saído ileso das manifestações reforça a disposição do peemedebista em bater de frente com o Palácio do Planalto.

"As pessoas identificaram nele a pessoa que enfrentou Dilma", disse um parlamentar. O peemedebista manteve na pauta a votação da proposta que muda a remuneração do FGTS. "Ele voltou turbinado", concluiu um deputado do PSDB.