Cunha nega ser "vilão das contas públicas" e aponta fragilidade do governo
"Tentar esconder a real situação de fragilidade do governo sem base na Câmara me culpando pelas suas derrotas é querer não enfrentar o problema", defendeu-se. "A verdade nua e crua é que não existe base do governo". Cunha tem transferido para o Colégio de Líderes a responsabilidade pelas votações, como a que aprovou a emenda à Constituição que reajusta salários de advogados e defensores públicos e delegados, na semana passada. "Presidente da Câmara não é o dono da Câmara e nem do voto dos deputados", escreveu.
Cunha comparou a votação da semana passada à aprovação pela Câmara, em 2009, de emenda constitucional que aumentava o salário de policiais militares e bombeiros. Na época, o presidente da Câmara era o atual vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). "Em 2009, Michel Temer, como presidente da Câmara, não conseguiu impedir a votação da PEC 300, de autoria do senador Renan Calheiros. Nem conseguiu impedir a violação do fim do fator previdenciário, que foi vetado por Lula. Isso não quer dizer que Michel estava contra as contas públicas. Foi a vontade da Casa naquele momento, que ele teve que aceitar", disse Cunha.
O peemedebista também negou ter instalado novas CPIs para trazer novos problemas ao governo. A que mais preocupa o Planalto é da CPI do BNDES. "Se a vez eram dessas CPIs, o que me restava fazer a não ser cumprir a minha obrigação. Não fui eu que protocolei as CPIs. E mais: as CPIs são regimentais, funcionam cinco simultâneas e na ordem de protocolo", disse.
Cunha lembrou que projetos problemáticos para o governo, por implicarem em aumento de gastos, têm sido aprovados com votos de parlamentares do PT e outros partidos governistas. "É preciso parar com essa fantasia de que sou responsável pelo resultado das votações,como se eu fosse capaz de convencer a todos. Sem reagrupar a sua base e constituir uma maioria sólida, o governo continuará com problemas e sofrendo derrotas. Agora, não cabe a mim constituir a maioria que o governo não tem para vencer votações no plenário da Câmara".
Cunha negou que o fato de ter rompido com o governo esteja ligado à "pauta-bomba" da Câmara. "E convencer por um motivo de retaliação. Será que todos se submeteriam a isso? E os votos de deputados que me fazem oposição aberta, tais como os do PT?", questionou.