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Youssef diz à CPI que não pode confirmar remessa de dinheiro a Cunha

12:00 | 11/05/2015
O doleiro Alberto Youssef esclareceu nesta terça-feira, 11, aos integrantes da CPI da Petrobras que o ouvem em Curitiba, que não pode confirmar a remessa de dinheiro da OAS para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endereço. Não sabia quem era morador dessa residência", disse Youssef aos parlamentares.

"Eu recebia o endereço, o local, a cidade e quem iria receber", disse Youssef ao argumentar que eram comum o procedimento de entregar sabendo o nome apenas do intermediário e não do destinatário final dos recursos desviados.

Youssef repetiu que quem fez a entrega foi o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Sobre o depoimento de Careca, que implicou Cunha e Antonio Anastasia (PSDB), o doleiro disse não saber se é verdade. "Não tenho ideia. Não sei se ele inventou nomes, porque quem foi ao endereço foi ele."

Youssef foi confrontado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que disse que o doleiro não estava sendo verdadeiro. Valente argumentou não ser possível ele lembrar de nomes de quem teria recebido pelo PT, citando a cunhada de João Vaccari, Marice, e não lembrar o nome do recipiente na casa de Cunha. "Deputado, alguns eu lembro, outros não lembro", respondeu Youssef.

Youssef disse não conhecer pessoalmente Cunha nem ter repassado diretamente recursos. O doleiro disse também não conhecer ou ter feito repasses diretamente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele contudo, disse ter feito repasses para Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que seria o operador do PMDB no esquema.

O doleiro reafirmou com maior certeza repasses destinados a lideranças pepistas, como o ex-ministro Mário Negromonte, o senador Ciro Nogueira e o deputado Aguinaldo Ribeiro.

Propina PT e PP

O doleiro Alberto Youssef também à CPI da Petrobrás, que PT e PP dividiram uma propina de R$ 6 milhões que teria sido paga a uma agência, a Muranno Marketing Brasil, em 2010, a pedido do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.

"O Paulo Roberto Costa passou para que eu procurasse a Muranno e outra agência para que pagasse", explicou Youssef, ouvido no Paraná, onde está preso desde março do ano passado.

Youssef já havia relatado esse capítulo do esquema de corrupção na Petrobrás em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, em 2014. Segundo o doleiro, o valor pago para a Muranno foi uma ordem do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, que teria sido acionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Youssef revelou ainda que quase a totalidade dos R$ 7 milhões que a Muranno e outra agência de publicidade do Rio tinham a receber foi paga com dinheiro de propina. Segundo ele, quem pagou a parte do PT foi o lobista Julio Camargo, representante no Brasil do Grupo Mitsui.

"Em determinado momento, Julio Camargo fez os repasses da parte da conta do PT."

Segundo ele, "o doutor Paulo Roberto disse que o total foi R$ 6 milhões e pouco e o PT teria que dividir, R$ 3 milhões era o PT que pagaria e R$ 3 milhões era o PP". A Muranno apareceu no rastreamento de valores da empresa MO Consultoria, uma das usadas na lavanderia de Youssef. Os delatores explicaram que o valor era referente a uma extorsão que seria feita pelo dono da Muranno, Ricardo Villani, para que valores atrasados a receber da Petrobrás fossem pagos.

A Muranno prestou serviços para a Petrobrás, em provas da Fórmula Indy, nos Estados Unidos sem contrato. De R$ 7 milhões que ela teria a receber, parte não foi paga e o dono estaria cobrando o pagamento.

Vaccari

Youssef confirmou também a ida do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ao seu escritório. Segundo ele, Vaccari deve ter ido ao local no fim de 2013 ou início de 2014.

Quando esteve na CPI da Petrobrás, no início de abril deste ano, Vaccari afirmou que havia ido ao escritório do doleiro, mas não o encontrou no local. Youssef foi questionado se haveria convidado o ex-tesoureiro.

"Não liguei para ele convidando para ir ao meu escritório. Pode ser que em encontros casuais em restaurantes, eu possa ter dito para ele ir ao meu escritório tomar um café", afirmou aos parlamentares. "Era só para tomar um café."

O delator disse que mandou entregar dinheiro para a cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, Marice Corrêa de Lima, e também na sede do PT, em São Paulo. Essas informações Youssef já havia declarado à Justiça Federal e à força tarefa da Lava Jato. Questionado por parlamentares se ele havia operado propina com Vaccari, o doleiro - preso desde março de 2014 e acusado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa - corrigiu a informação da CPI.

"Nunca operei com Vaccari diretamente, fiz operação para a Toshiba (empresa investigada na Lava Jato) que diz que o dinheiro era direcionado para Vaccari."

O doleiro, peça central da Lava Jato, afirmou que em duas vezes mandou entregar dinheiro que teria como destino o então tesoureiro do PT, preso pela Operação Lava Jato. Youssef afirmou que encontrou-se pessoalmente com Vaccari. "Estive com Vaccari em um restaurante. Uma vez ele esteve em meu escritório, mas eu não estava. O único repasse que eu fiz ao Vaccari foi por intermédio da Toshiba, eu já relatei."

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