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PF indicia Cachoeira por lavagem de dinheiro

20:36 | 14/03/2012
A Polícia Federal indiciou hoje o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira e mais 81 pessoas por envolvimento no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e exploração de máquinas caça-níqueis, desmantelada pela Operação Monte Carlo. O relatório final do inquérito foi remetido à Justiça, que aguardará parecer do Ministério Público Federal sobre o oferecimento de denúncia contra os acusados.

Desencadeada em 29 de fevereiro último em três Estados e no Distrito Federal, a Operação levou 35 pessoas à prisão, entre as quais dois delegados da própria PF, seis delegados da Polícia Civil e cinco oficiais da Polícia Militar de Goiás, além de soldados, agentes e servidores públicos, um deles do Poder Judiciário. Eles são acusados de receber propina regular para blindar as atividades criminosas do bicheiro contra as ações policiais.

Cachoeira foi pivô do primeiro escândalo do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerado com a divulgação de um vídeo em que o subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, negociava propina com o bicheiro em troca de apoio à aprovação de projetos de legalização de jogos. Diniz, que era ligado ao ex-ministro José Dirceu, foi condenado recentemente por corrupção.

Os indiciados responderão pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas, peculato, contrabando, formação de quadrilha e violação de sigilo profissional, além da contravenção penal de exploração de jogo de azar. Com prisão preventiva decretada, sete membros do esquema continuam detidos.

Entre eles estão o próprio Cachoeira, recolhido ao presídio federal de Mossoró e o sargento reformado da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, acusado de ser recrutador de policiais corruptos e um dos principais operadores da organização criminosa. Dadá integrou o grupo clandestino de arapongas recrutado em 2008 pelo delegado Protógenes Queiroz, hoje deputado do PC do B, na Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas.

Interceptações telefônicas feitas com autorização judicial mostraram uma rede extensa de políticos que se relacionavam com o bicheiro, um notório financiador de campanhas. Entre esses políticos estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Com Torres, Cachoeira manteve 298 contatos telefônicos entre fevereiro e agosto de 2011.

O senador, que recebeu de presente de casamento uma cozinha importada de R$ 47 mil, disse ser amigo pessoal do contraventor e Perillo negou ter negócios com Cachoeira. Os dois não foram investigados porque têm foro privilegiado, mas os dados foram encaminhados à Procuradoria-Geral da República, que analisará se há fato criminoso a ser apurado.

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