PT parte para confronto com PSDB sobre privatizações
Depois de entregar gestão de três aeroportos à iniciativa privada, partido tenta mostrar diferença da concessão em relação às privatizações do tempo de FHC
Na véspera de completar 32 anos, o PTdecidiu partir com ainda mais vigor para o confronto com o PSDB. Incomodada com as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem os leilões dos aeroportos "desmistificam o demônio privatista", a cúpula do PT retomou o tema privatizações e radicalizou o discurso.
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Versão preliminar de resolução política apresentada na quinta-feira ao Diretório Nacional do PT diz que "não é verdade que acabou a disputa ideológica sobre as privatizações, como afirmou uma apressada voz tucana'. Mesmo sem citar Fernando Henrique, a referência ao ex-presidente não podia ser mais clara.
"Nós não confundimos concessão com privataria tucana", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão. "Não vejo porque toda essa celeuma, já que o sistema de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília nada tem a ver com o modelo privatista dos tucanos, que entregou patrimônio público a preços duvidosos."
"Bacia das almas"
Para tentar neutralizar o discurso tucano de que o PT também adotou a privatização, o partido vai organizar a militância para ressaltar supostas diferenças. "Antes, as empresas públicas, às dezenas, como a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Embraer, as telefônicas, as empresas de energia elétrica, de transporte ferroviário, os bancos, eram vendidas dentro da concepção de Estado mínimo, e os recursos obtidos usados para pagamento de dívidas", diz trecho do documento. "Antes, as empresas eram torradas na bacia das almas a preços de compadre. Agora, os ganhos para o poder público são enormes e aplicados no desenvolvimento do País."
A versão preliminar do texto, que recebeu 15 emendas e ainda passará pelo crivo de uma comissão executiva, diz haver muita difereça entre as concessões dos aeroportos no governo Dilma Rousseff e a venda de estatais na gestão Fernando Henrique (1999 a 2002).
Em vídeo divulgado pela Internet, na quarta-feira, Fernando Henrique disse que as privatizaçõs não devem ser encaradas como "questão ideológica". Foi aí que citou a desmitificação do "demônio privatista".
"A privatização não é uma questão ideológica. É uma questão que depende das circunstâncias, como aumentar a capacidade de gerenciar, aumentar a oferta de serviço", afirmou o tucano.
Corrupção
A queda de nove ministros, sete dos quais envolvidos em denúncias de corrupção, é citada de forma indireta na proposta de resolução. "Não vingou a campanha de setores da oposição que buscavam desestabilizar o governo através de seguidas denúncias de corrupçã em ministérios". Para o PT, o governo da presidente Dilma Rousseff deu "respostas adequadas" às suspeitas levantadas.
O texto preliminar do PT diz ainda que 2012 será o ano da "Comissão da Verdade" e enfatiza que o partido estará empenhado no "resgate de nossa memória da luta pela democracia durante o período da ditadura militar".
Agência Estado