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A economia pré-eleitoral na Argentina

12:43 | 20/10/2017
Corretores durante sessão da Bolsa de Valores de Buenos Aires: será que a economia vai decidir as eleições?Estão marcadas para o dia 22 de outubro eleições para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado argentino. Chance ou derrota para Macri?Às vésperas das eleições legislativas na Argentina, tudo indica que os candidatos do atual governo vão triunfar com uma relativa folga em todo o país. E isso também na província de Buenos Aires, onde a ex-presidente Cristina Kirchner é candidata ao Senado. Uma vez com a maioria parlamentar assegurada, Macri poderia realizar mais reformas econômicas, aprofundando as mudanças que a Argentina tem experimentado desde o início de seu governo, no final de 2015: liberalização, desregulamentação, ajuste de preços, abertura para o exterior, realismo cambial e um ajuste gradual das contas públicas. A isso, foi acrescentada uma política de luta contra a corrupção, defesa do Estado de Direito e do pluralismo que caracterizam sua política econômica. A estratégia tem dado resultados. Após uma retração econômica de 2,2% em 2016, concentrada nos primeiros meses do ano e atribuída a problemas da gestão anterior, a economia começou a se recuperar. "Existem setores que estão crescendo a um ritmo bom, principalmente construção e agricultura. O ano eleitoral significou também um forte aumento nas obras públicas. O consumo de asfalto e cimento está no auge", diz Amílcar Collante, economista-chefe da consultoria econômica argentina CESUR. Indicadores De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (INDEC), de meados de 2016 a meados de 2017, o PIB cresceu 2,7%, a atividade industrial 5,1%, e a construção, 13%. A taxa de pobreza caiu de 32% para 28,6%. "Algo que movimenta a economia é o grande impulso do crédito, especialmente o pessoal, acima de tudo hipotecário, que ultimamente teve um crescimento de mais de 70% ano-a-ano. Em 2018, espera-se que, se o Brasil crescer a um bom ritmo, também haja uma retomada do setor automotivo", acrescenta o especialista. Mas ainda existem problemas. O déficit fiscal permanece considerável: 5% do PIB em 2017, segundo o serviço de consultoria Moody's. E o déficit comercial provavelmente alcançará cerca de US $ 4,5 bilhões neste ano. A projeção de exportações para 2017 é de 59 bilhões (+ 2,2%), enquanto as importações chegariam a 63,5 bilhões de dólares (+ 14%). O aumento das importações, consequência da liberalização do mercado cambial, reflete um aumento no consumo de bens importados, até 2015 reprimido, mas também na importação de bens de capital e maquinário, que sustentam o crescimento econômico. Outro fator que o governo ainda não conseguiu dominar completamente é a inflação: para este ano, calcula-se que ela fique em 22%, bem acima dos 17% previstos pelo governo, embora muito inferior aos 40% registrados em 2014. E a tendência é que siga em baixa: até 2018, o FMI prevê um aumento de preços de 18%. Presidente fortalecido O governo está confiante de que os bons índices econômicos palpáveis no dia a dia, o aumento do emprego e dos salários reais serão traduzidos em votos nas eleições de 22 de outubro. As pesquisas, até agora, dão asas ao otimismo oficial. "De acordo com as pesquisas, a Cambiemos (coalizão oficial) alcançaria um resultado eleitoral muito positivo em 22 de outubro. A definição mais importante será a da Província de Buenos Aires, onde a Cambiemos tentará superar o kirchnerismo. De acordo com as pesquisas, venceria por dois ou três pontos, o que daria maior governança para os dois anos de gestão que resta a Mauricio Macri", disse o especialista. "Isso permitiria a implementação das reformas estruturais necessárias. A mais importante é a reforma tributária. E a província de Buenos Aires anunciou que reduziria o imposto de renda bruto. Certamente também se trabalha em uma reforma para reduzir os custos trabalhistas. Também um possível corte de impostos seria fundamental", conclui Collante. ------------------- A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App Autor: Pablo Kummetz

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