"Aliviada que nossos amigos estão em segurança", diz cearense que viveu na Turquia
Os capacetes brancos — uma organização de defesa civil síria — disseram que a situação é "catastrófica" e pediram às organizações humanitárias
11:44 | Fev. 06, 2023
Um terremoto de magnitude 7,8 sacudiu o sul da Turquia e parte da Síria na madrugada desta segunda-feira, 6, deixando centenas de mortos e milhares de feridos, além de danos significativos em prédios e casas da região. Este é o maior terremoto na Turquia desde 1999, quando 17.000 mortes foram registradas, mil delas em Istambul.
Thayná Sampaio é cearense e viveu na Turquia por cerca de cinco anos. Ela se mudou para o país por conta do marido, Jefferson Junior, que é jogador de futebol e atuou pelo Fortaleza em 2017.
Jefferson foi contratado pelo Gaziantep F.K, clube da primeira divisão da liga turca de futebol, localizado em uma cidade de mesmo nome que fica a 54.8 km de Pizarnik, epicentro do desastre.
Faz seis meses desde que Thayná e Jefferson retornaram ao Brasil. Os pertences do casal, no entanto, continuam na Turquia.
Ela conta que, por causa de um recesso no calendário de jogos, os jogadores do time estavam em outra região do país. “Como não vai ter jogo neste fim de semana, praticamente todos jogadores do time saíram da cidade. Agora, eu já soube de notícias que tem um outro time, também da primeira divisão, o Hatayspor, que tem um jogador e um membro da comissão técnica em escombros.”
Segundo o Daily Mail, um desses jogadores que estão sob os escombros de um prédio é Christian Atsu, ex-Chelsea e Newcastle. “Foi uma grande sorte e uma grande coincidência que os jogadores do Gaziantep estivessem fora da cidade”, complementa.
Naser Saadat, 30, é iraniano e casado com uma brasileira. Ele vive em Fortaleza há cerca de seis meses, antes disso vivia na Turquia. Sua família, no entanto, continua vivendo no local.
O iraniano explica que existe uma diferença de seis horas entre o Brasil e a Turquia. Por aqui, o relógio marcava uma hora da manhã e, no momento, Naser ainda estava acordado. Ele acompanhava um canal turco de notícias e foi assim que ficou sabendo do incidente.
Como a família vive no país, ele ficou preocupado e decidiu entrar em contato. “Eu liguei para eles e perguntei como as coisas estavam. Me disseram que estavam bem. Na cidade em que eles vivem — Kütahya — nada aconteceu, mas mesmo assim eles estão preocupados. O terremoto aconteceu em dez cidades e continua acontecendo. Então, eles estão com medo de que atinja outros lugares", conta.
Pelo menos 2.818 prédios desabaram
Um castelo histórico com mais de 2.000 anos de idade foi destruído durante o terremoto. O local foi construído pelo império romano e, mais tarde, foi usado pelos bizantinos. “Eu estive ali tantas vezes, levei toda a minha família para conhecer. Assim, é muito chocante. Estou muito aliviada que nossos amigos estão em segurança, mas é realmente muito chocante”, diz a cearense Thayná Sampaio.
Na Turquia, pelo menos 912 pessoas morreram e quase 5.400 ficaram feridas, segundo o presidente Recep Tayyip Erdogan. Pelo menos 2.818 prédios desabaram com o tremor, o que sugere um número de vítimas muito maior.
O epicentro do terremoto foi o distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria.
“Foi um local que recebeu muitos refugiados, e eles vivem numa condição mais delicada de vulnerabilidade. Vivem em regiões que os prédios são mais antigos, então é uma região muito delicada para acontecer esse tipo de tragédia”, explica Thayná.
Os capacetes brancos — uma organização de defesa civil síria — disseram que a situação é "catastrófica" e pediram às organizações humanitárias internacionais para "intervir rapidamente" para ajudar a população local.
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