Estudo revela como espécie de cobra usa ondulação para planar até 24 metros de distância

Chamada erroneamente de "cobra voadora", a espécie Chrysopelea Paradisi salta de árvore em árvore

12:47 | Jul. 03, 2020

A espécie Chrysopelea paradisi pode ser encontrada no sul e sudeste da Ásia e foi descrita pela primeira em 1827 (foto: Reprodução/YouTube)

A imagem de cobras ondulando no chão é comum para a maioria das pessoas, mas e quando elas ondulam pelo céu? A cena majestosa pode até dar a sensação de que o animal está voando, mas, na realidade, as cobras da espécie Chrysopelea Paradisi têm a habilidade de planar até 24 metros de distância. Para isso, elas saltam de árvore em árvore e, segundo estudo publicado na revista científica Nature Physics, ondulam para manter estabilidade. 

A descoberta maravilhou os pesquisadores, que não entendiam a função do movimento ondulado. Talvez, eles apostavam, as serpentes apenas ondulassem instintivamente - assim como fazem quando se locomovem na terra e na água. A pesquisa do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech) demonstrou que o movimento é essencial para os animais manterem estabilidade enquanto planam.

LEIA TAMBÉM | Ataques de cobra aumentam a partir de julho


Resultados

Segundo Isaac Yeaton, líder do estudo, esse uso da ondulação parece ser específico das “cobras voadoras”, já que outros animais ondulam para propulsão. Para analisar a função do movimento, os pesquisadores criaram um modelo 3D de uma serpente voadora, a partir de fitas brancas coladas em uma cobra da espécie.

Ao capturar todos os ângulos do animal planando, eles perceberam que, após ela saltar de um galho de árvore, a serpente move as costelas e músculos para estender a largura da parte inferior do corpo. Assim, em vez de ficar em formato arredondado (quando as costelas estão na posição normal), ela fica parecendo um triângulo. A ideia é que a estrutura triangular funcione como uma asa, permitindo que o ar passe por baixo dela mais aerodinamicamente.

Ainda, os cientistas descobriram que a extremidade traseira da serpente se move para cima e para baixo verticalmente, também aumentando a estabilidade dela.

LEIA TAMBÉM | Em 2015, a descoberta de cobra de 4 patas que viveu no CE há 120 milhões abriu discussão sobre tráfico de fósseis

Aplicabilidade

De acordo com os pesquisadores, as informações do estudo podem ter aplicações para a robótica, principalmente em áreas de busca e salvamento. Isso porque objetos com o formato das serpentes são bons para entrar em espaços apertados, como escombros de um terremoto, explica o pesquisador Jake Socha ao jornal The New York Times.

Segundo ele,os robôs poderiam “voar” de um local de resgate para outro utilizando a técnica das cobras. "Espero que, antes do final da minha vida, tenhamos um robô de busca e salvamento baseado em cobras voadoras", afirmou.

Veja vídeo publicado pelo integrante da pesquisa, doutor Shane Ross, da serpente planando

 

Why do flying snakes undulate in the air? Our new paper in Nature Physics answers this using new experimentally-driven modeling: undulation provides the rotational stability they need to glide

Article https://t.co/G3ZH9iJEwr@snake_flyer @isaacyeaton#flyingsnakes #biophysics pic.twitter.com/5BuZcxVjQc

— Shane Ross (@RossDynamicsLab) June 29, 2020