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Europa teme virar terra de asilo para carrascos de regime de Assad

Testemunhas afirmam que sírios envolvidos em violação de direitos humanos estão entre os refugiados que chegam à Europa

14:13 | 20/10/2015

Alguns membros das forças de segurança sírias envolvidos em torturas e violações dos direitos humanos estão entre os refugiados que chegam à Europa, segundo vários testemunhos.

"Atualmente, criminosos de guerra se refugiam na França e Europa", declarou recentemente ante deputados franceses o médico franco-sírio Ziad al Isa, da União de Organizações de Socorro e Cuidado na Síria. Estre esses criminosos estão os "shabihas", milicianos a serviço do governo do presidente Bashar al Assad.

[SAIBAMAIS3]Os "shabihas" são quadrilhas de delinquentes, frequentemente de origem alauíta, uma facção minoritária do xiismo ao qual pertence Assad, acusados de várias agressões contra opositores e civis suspeitos de dissidência.

Dos 600 mil refugiados que chegaram à Europa em 2015, metade é oriunda da Síria, segundo a ONU. Uma parte importante dos sírios provêm das zonas controladas pelo governo e não dos campos de refugiados nos países limítrofes. Em um grupo de refugiados que chegou à ilha grega de Kos havia vários milicianos pertencentes a uma mesma família oriunda de Tartus (noroeste da Síria), afirmou à AFP um empregado Sírio em uma ONG internacional que solicitou anonimato.

"Nós também somos vítimas da guerra", explicou uma dessas pessoas, segundo a fonte que organizou uma missão em Kos. Uma página do Facebook, "São criminosos, não refugiados!", criado por sírios, é dedicada a desmascarar esses milicianos que combateram na Síria. De um lado há fotos dos milicianos armados posando sob uma imagem de Assad e pisando em cadáveres. De outro, fotos que mostram as mesmas pessoas em uma praça ou terraço de um café, desfrutando a nova vida na Europa.

"Decidimos criar a página após receber testemunhos de refugiados sírios, surpresos por ter reconhecido na Europa alguns de seus carrascos", explicou à AFP Qutaiba Yacine, um dos administradores da página. "Juntamos testemunhas para desmascarar os criminosos", afirmou Yacine. São cerca de 500 pessoas, em sua maioria residentes na Europa do Norte, Alemanha e Áustria, mas também na França, explica.

"Não estou segura da autenticidade dessas imagens", comentou o político Ziad Majed, especialista sobre a Síria. Por outro lado, informações vindas da Síria afirmam que "são cada vez mais numerosos os jovens da comunidade alauíta que tentam fugir para evitar o serviço militar forçado", assegurou. "Pode ser o caso de jovens que querem sair do serviço militar e de uma guerra sem fim", agregou o especialista. "Mas também pode ter entre eles ex-shabihas envolvidos em crimes de guera. É um tema muito delicado", concluiu.

É legítimo perguntar se entre os refugiados sírios há repressores, estima um magistrado francês, integrante do tribunal de direitos de asilo que pediu anonimato. A Repartição Francesa para os Refugiados e os Expatriado (OFPRA) e os organismos similares na Europa procuram detectar esses casos, mas "é muito difícil", afirmou a fonte.

"Há tantas identidades falsas e tantos testemunhos falsos, que é difícil ter uma noção da realidade", afirmou. "Há uma regra de exclusão muito clara: os responsáveis por qualquer violação das convenções de Genebra são de fora do direito de asilo", afirmou o chefe da OFPRA.

"Por isso é importante que haja centros de acolhimento dos refugiados nas portas de entrada da Europa, para poder detectar os casos litigiosos", enfatiza a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Celine Schmitt. 

AFP 

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