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Desvalorização da moeda afeta rotina de países emergentes

Ao redor do mundo, mudança nos hábitos de consumo exigem "plano b" para manter as contas dentro do orçamento

18:20 | 14/10/2015

A desvalorização das moedas de países emergentes em relação ao dólar afeta a vida cotidiana de milhões de pessoas, ao encarecer as importações e disparar a inflação.

"Antes podíamos comprar três garrafas de óleo de cozinha (por mês), mas agora compramos somente dois", conta Gibson Chivunda, funcionário de uma loja de produtos eletrônicos em Lusaka, capital da Zâmbia. Desde o início do ano, a moeda da Zâmbia, o Kwacha, perdeu a metade de seu valor em relação ao dólar. "Os produtos importados são demasiadamente caros. As lojas alteram seus preços várias vezes por dia", completa.

Jairo Tuta, professor de tecnologia de um colégio de Bogotá, de 35 anos, estima em 40% a perda de seu poder aquisitivo por causa da desvalorização do peso, e agora planeja suas compras de produtos de primeira necessidade "para todo o mês", para se adiantar à alta de preços.

[SAIBAMAIS2]"No final do mês vou para os Estados Unidos. Não adiei a viagem por causa do dólar, mas não vou fazer as mesmas coisas. Antes eu sempre viajava para comprar roupas e cosméticos, agora vou passear, conhecer país", diz Priscilla Rocha, uma advogada do Rio de Janeiro. A forte desvalorização do real obrigou Priscilla, de 28 anos, a mudar seus hábitos. "Antes, toda semana eu comprava alguma coisa para mim, mas agora já tem um mês que eu não piso em um shopping center", conta.

Anggrita Desyani, de 25 anos, porta-voz de uma associação científica vinculada ao governo em Jacarta, não se viu particularmente afetada pela desvalorização da rúpia indonésia, mas admite que agora pensa duas vezes antes de fazer compras grandes. Ela aconselhou seu pai que esperasse um pouco mais para trocar o HD de seu computador: "Está muito mais caro do que quando troquei o meu, há alguns meses", diz.

Jairo Tuta começou a dar aulas particulares em agosto para completar seu salário. São quatro horas a mais de trabalho diário, além das oito que passa em uma escola de Bogotá. Ele também usa com maior moderação o seu cartão de crédito. "Tive que fazer obras caras na minha casa e que comprar livros muito caros, necessários para o meu trabalho. Só nessas ocasiões o usei".

O chefe de Gibson Chivunda revisa os salários uma vez ao ano. "O kwacha desvalorizou-se, mas meu salário só será revisado em junho do ano que vem. Isso tem muito impacto na minha renda". "Todos os meses poupo 20% do meu salário e troco por dólares, porque não sei se o real continuará caindo", explica Priscilla Rocha, a advogada brasileira. Chivunda cogita outra alternativa. "Penso em abrir uma conta em dólares. Essa é sem dúvida a única solução inteligente. Algumas lojas começam a vender em dólares", acrescenta.

AFP

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