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Opinião: Putin deixa Ocidente entre a cruz e a espada

17:09 | 28/09/2015
Ingo Mannteufel, chefe da redação russa e do Departamento Europa da DWAo discursar na Assembleia Geral da ONU, presidente russo reitera apoio ao regime Assad. Em busca de um fim para o conflito na Síria, países ocidentais ficam em posição difícil, opina Ingo Mannteufel. Para quem acreditava que o presidente russo, Vladimir Putin, fosse anunciar em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, uma proposta de acordo sobre o conflito sírio e que se afastaria ao menos retoricamente do líder Bashar al-Assad veio a decepção. O presidente russo deixou claro em seu discurso que uma coalizão contra o "Estado Islâmico" na Síria, apoiada por Moscou na ONU, só vai existir junto com o regime Assad. E não, Putin não vai deixar Assad cair nem agora nem no futuro. Por uma questão de princípio. Pois Putin, diz ele, é contra qualquer intromissão externa nos assuntos internos de um Estado. Por trás disso não está apenas a preocupação em relação ao parceiro da Rússia no Oriente Médio, Assad, mas também uma defesa contra qualquer crítica ocidental contra seu próprio controverso sistema de governo. Apenas para registro: com a clara condenação de uma interferência externa é claro que Putin não se referia à anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia ou aos separatistas apoiados por Moscou no leste da Ucrânia. Com sua atitude, Putin obriga o Ocidente a escolher entre a cruz e a espada. Uma opção seria os EUA e a Europa aceitarem Assad como parceiro na luta contra os terroristas do "Estado Islâmico". Assim, não apenas o regime sírio se estabilizaria, mas também o papel da Rússia como player global na política mundial receberia um impulso significativo. O isolamento da Rússia pelo Ocidente como sanção à intromissão russa na vizinha Ucrânia seria, então, quebrado. Por outro lado, caso não haja acordo com Putin, é provável que a atual situação na Síria continue e que a violenta guerra no Oriente Médio expulse mais milhões de pessoas, sobretudo rumo à Europa Central. E sobre a terceira opção o arriscado emprego maciço de forças militares ocidentais com tropas de solo na Síria, sem um mandato da ONU ninguém nas capitais ocidentais quis pensar até agora. Todas são decisões difíceis para o Ocidente, que ainda não quer admitir sua fraqueza e impotência. Os tempos para a atuação individual dos EUA no Oriente Médio acabaram, o que o próprio presidente Barack Obama deixou claro em seu discurso na Assembleia Geral da ONU. Autor: Ingo Mannteufel
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