Obama evoca Kennedy em defesa de acordo nuclear
No mesmo cenário de discurso histórico de JFK em 1963, presidente inicia campanha para que Congresso americano aprove pacto com Irã. Decisão, afirma, será a mais importante em política externa desde invasão do Iraque.
O presidente Barack Obama iniciou nesta quarta-feira (05/08), com um discurso em Washington, o que a imprensa americana trata como o início de uma campanha nas próximas semanas para convencer o Congresso a aprovar o acordo nuclear com o Irã.
Para o discurso, Obama escolheu o mesmo local em que, em 1963, John F. Kennedy defendeu o uso da diplomacia para reduzir a tensão nuclear com a União Soviética evento tido como um ponto de inflexão na Guerra Fria.
"A rejeição do Congresso a esse acordo deixa apenas uma opção a qualquer governo americano comprometido a evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear: mais uma guerra no Oriente Médio", afirmou Obama na American University de Washington. "O acordo se baseia na mesma tradição de uma diplomacia com princípios sólidos."
Obama corre contra o tempo para convencer o Congresso, atualmente em recesso. O Legislativo tem até o dia 17 de setembro para votar a aprovação do acordo selado no mês passado.
Israel e seus apoiadores em Washington montaram uma campanha para convencer os parlamentares a rejeitar a proposta. Do outro lado, Obama tem se reunido com líderes judeus e políticos na Casa Branca para tentar angariar votos a favor da medida.
Os críticos, principalmente a oposição republicana, alegam que o acordo não é capaz de assegurar que o Irã jamais desenvolverá armas nucleares. Eles argumentam que a suspensão das sanções vai apenas contribuir para que o regime dos aiatolás alcance seu objetivo.
Para Obama, o acordo alcançado entre Irã e as seis potências mundiais em 14 de julho é uma das iniciativas mais ousadas de sua passagem na Casa Branca. Como ele disse nesta quarta-feira, é o debate "mais relevante" em política externa nos Estados Unidos desde a decisão de invadir o Iraque.
"Mais de uma década depois, ainda vivemos as consequências de invadir o Iraque", afirmou Obama. "Uma decisão da qual o único beneficiado, ironicamente, foi o Irã."
Obama rebateu as críticas republicanas afirmando que muitas podem ser atribuídas ao "partidarismo precipitado" e espalham falsos temores sobre o acordo. O presidente pediu que a política seja deixada de lado na hora da votação e destacou que o mundo inteiro, com exceção de Israel, é a favor do acordo.
"Se o Congresso rejeitar esse acordo, vamos perder mais que do que apenas as restrições ao programa nuclear iraniano ou as sanções que construímos meticulosamente. Vamos perder algo mais precioso. A credibilidade dos Estados Unidos como um líder da diplomacia. A credibilidade americana como âncora no sistema internacional", declarou Obama.
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