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Estado Islâmico sequestra 230 muçulmanos e cristãos em cidade da Síria

De acordo com Rami Abdel Rahmane, o EI possui uma lista de pessoas a serem presas, mas costumam prender famílias inteiras que tentam fugir

13:00 | 07/08/2015
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O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) sequestrou 230 civis, entre muçulmanos e cristãos, em uma cidade no centro da Síria símbolo da coexistência entre religiões e que foi tomada pelos extremistas no dia anterior.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), os civis foram sequestrados na quinta-feira, 6,  na cidade de Al-Qaryatain, da qual o EI se apoderou na quarta-feira, 5.

"O Daesh (EI em árabe) sequestrou pelo menos 230 pessoas, entre elas 170 sunitas e mais de 60 cristãos acusados de colaboração com o regime durante uma operação em Al-Qaryatain", explicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, usando o acrônimo em árabe do EI.

O arcebispo Matta al-Khury, secretário do patriarcado siríaco ortodoxo em Damasco, indicou à AFP que não pode confirmar essas informações "porque é muito difícil estabelecer contato com os habitantes locais".

[SAIBAMAIS2] 

"Mas nós sabemos que quando entraram na cidade, os jihadistas proibiram os habitantes de deixar suas casas a fim de utilizá-los como escudos humanos" contra os ataques do regime, acrescentou.

Antes da guerra, a cidade de Al-Qaryatain tinha 18.000 muçulmanos sunitas e cerca de 2.000 católicos sírios e cristãos ortodoxos. Mas segundo o arcebispo al-Khury, restavam apenas 180 cristão após o ataque do EI. Centenas de cristãos de cidades próximas deixaram a região ante o avanço do EI, segundo o OSDH.

De acordo com Rami Abdel Rahmane, o EI possui uma lista de pessoas a serem presas, mas costumam prender famílias inteiras que tentam fugir. O líder ortodoxo apelou os jihadistas a libertar os reféns.

Nesta cidade cercada pelo deserto, as relações entre cristãos e muçulmanos sempre foram excelentes, indicou à AFP uma mulher de Al-Qaryatain, citando como exemplo a cerimônia que marca o fim das obras de reforma de uma igreja do século VI, St. (Mar) Elian, em 9 de setembro de 2009.

"Naquele dia, havia o núncio apostólico, o imã, e as duas comunidades participaram da missa. Havia também dois religiosos cristãos que pregavam a convivência entre cristãos e muçulmanos, o padre Paolo (Dall'Oglio) e o padre Jacques Mourad, que foram sequestrados", acrescentou.

Jacques Mourad, padre católico sírio do mosteiro de Mar Elian de Al-Qaryataine, foi sequestrado em maio por três homens mascarados, no dia seguinte à tomada pelo EI da antiga cidade de Palmyra, não muito longe.

Paolo Dall'Oglio, um jesuíta, foi sequestrado em julho de 2013 pelo EI.
O nome da localidade é um símbolo de coexistência, Al-Qaryatain significa as "duas aldeias" em árabe.

Durante as invasões árabes do século VII, os habitantes cristãos tomaram a uma decisão sem precedentes: a metade de cada família se converteu ao Islã, a fim de proteger os outros membros.

"É por isso que muitas vezes as pessoas têm o mesmo sobrenome, mas são de diferentes religiões", explica esta mulher de Al-Qaryatain.
Durante a guerra, há dois anos, cerca de 700 muçulmanos de Homs refugiaram-se no mosteiro ao lado da igreja, ela acrescenta.

 

AFP

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