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Argentinos votam em eleições primárias que são termômetro de presidenciais

21:32 | 09/08/2015
Os argentinos votaram este domingo em eleições primárias obrigatórias, transformadas em uma espécie de primeiro turno das presidenciais de 25 de outubro, nas quais o candidato apiado pela presidente Cristina Kirchner aparece com vantagem, segundo pesquisas de boca de urna divulgadas ao final da votação.

A presidente Cristina Kirchner não pode aspirar a um terceiro mandato e apoia o governador peronista da província de Buenos Aires (centro-leste), Daniel Scioli, diante de seu maior rival, o conservador Mauricio Macri.

A votação, dedicada aos candidatos presidenciais e também a cargos legislativos, terminou às 18h00 locais deste domingo (mesmo horário em Brasília), informou a justiça eleitoral.

Segundo pesquisas de boca de urna, divulgadas por emissoras de televisão locais, Scioli aparece como o mais votado, superando Macri.

Em terceiro lugar entre os mais votados está o dissidente kirchnerista Sergio Massa. Os três candidatos travarão uma luta pela Presidência nas eleições de outubro.

De acordo com fontes do partido da situação, Scioli tem 37% dos votos contra 25% e 15% de seus adversários. As ligados a Massa atribuem aos candidatos, respectivamente, 38%, 28% e 23% na mesma ordem, enquanto as fontes de Macri dão 38%, 29% e 18% aos três primeiros colocados.

Os primeiros resultados oficiais serão divulgados após as 22h00 (locais e em Brasília) e a Direção Nacional Eleitoral prevê que por volta da 01h30 local terá uma tendência firme.




Vários dos 15 pré-candidatos à presidência, entre eles Macri e Scioli, favorito nas pesquisas, votaram antes do meio-dia.

"Sinto que chego a este dia muito especial depois de anos de luta, esforço, trabalho e experiência", declarou ao votar Scioli, 58, acompanhado da mulher, a ex-modelo Karina Rabolini.
Já Macri, prefeito da capital, denunciou um suposto roubo de cédulas. "Começou o esporte nacional roubo de cédulas", denunciou o ex-presidente do clube de futebol Boca Jr., 56, assinalando que se tratavam de casos isolados.

Trinta e dois milhões de eleitores estavam convocados a votar, das 8h às 18h locais.
"Vença quem vencer, as coisas não serão as mesmas, são 12 anos de um governo com estilo particular, e é saudável que viremos a página", disse à AFP a ex-bancária Mercedes Marín, 54, ao votar em Palermo, na capital.

"Com Scioli ou Macri, haverá uma mudança em relação aos Kirchner", assinalou o eleitor José Núñez, 40.

A mesma tendência é sentida pela imprensa, embora a presidente conte com uma popularidade de mais de 50% e seu governo tenha cerca de 30% de apoio.

"É uma grande pesquisa eleitoral, que funciona como primeiro turno. Mostra a tendência, já que a maioria manterá o voto", indicou o sociólogo Ricardo Rouvier.

Daniel Scioli, o candidato do partido do governo, um peronismo de centro-esquerda, e aliado da presidente Cristina Kirchner, lidera todas as pesquisas de intenção de voto, com uma média de 37%.

Seu maior adversário, o prefeito de direita (opositor) da capital, Mauricio Macri, conta com 29% das intenções, segundo as pesquisas, enquanto o deputado de centro-direita Sergio Massa ganhou espaço e ronda os 20%.

O curioso sistema eleitoral argentino faz com que as primárias funcionem como um virtual primeiro turno, com uma lista completa, e nas quais cada cidadão vota em seu preferido.
Cristina está inabilitada pela Constituição para exercer um terceiro mandato, e inclinou a balança em favor de Scioli, um peronista moderado, que não terá concorrentes internos.
Scioli foi vice-presidente de Néstor Kirchner e, desde 2007, é governador da província de Buenos Aires, um distrito-chave do tamanho da Itália, que concentra quase 37% dos eleitores do país.

Se as previsões forem confirmadas, Macri vencerá com folga seus dois concorrentes na coalizão conservadora Cambiemos, o senador Ernesto Sanz e a deputada Elisa Carrió.

Já Sergio Massa, 43 anos, deverá derrotar José Manuel de la Sota, atual governador da província de Córdoba (centro), segundo distrito eleitoral, na disputa interna da aliança UNA, de centro-direita e peronistas opositores ao governo.

Outros sete pré-candidatos presidenciais participarão das primárias. Dois deles se enfrentarão em uma interna da esquerda troskista, com a aspiração de superar o piso de 1,5% dos votos, necessário para poder competir em outubro.

As primárias argentinas foram criadas em 2009 e aplicadas pela primeira vez em 2011, ano em que a presidente Cristina Kirchner foi reeleita no primeiro turno, com 54% dos votos.
A originalidade é que são primárias abertas, simultâneas e obrigatórias (PASO), ou seja, todos os partidos competem no mesmo dia, e em todo o país.

Neste domingo, os argentinos escolherão os integrantes de cada partido ou aliança que competirão em 25 de outubro nas eleições para escolher um presidente e renovar o Congresso, além de votar nos legisladores para o Parlasul, o Parlamento do Mercosul.

Assim, embora vá haver um vencedor que oficializará sua candidatura em cada partido ou aliança, os analistas poderão comparar o resultado obtido pelas diferentes alianças, com uma projeção até outubro.

Em alguns casos, são tantos os cargos a serem eleitos que a cédula eleitoral medirá até 1,20 metro, como na província de Catamarca (noroeste), que votará com a cédula mais longa da história eleitoral do país.

Com 11,8 milhão de eleitores (37% do total), a província de Buenos Aires, um reduto peronista de 300.000 km², concentrará todas as atenções neste domingo, quando dois pré-candidatos de peso se enfrentarão nas primárias da governante Frente para la Victoria (FPV) para suceder Scioli, que a governa desde 2007.

O chefe de Gabinete de Kirchner, Aníbal Fernández, e o titular da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez, vêm aquecendo uma briga, embora todos tenham Scioli liderando suas respectivas cédulas eleitorais.

O peronista adversário do governo Felipe Solá (UNA), que governou esta província entre 2002 e 2007, e a direitista María Eugenia Vidal (Cambiemos) buscam suas candidaturas a governador de Buenos Aires para outubro, entre outros postulantes.

AFP
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