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Multidão protesta em Atenas às vésperas de referendo

17:31 | 03/07/2015
Mais de 40 mil pessoas vão às ruas da capital, em manifestações pró e contra medidas de austeridade, num reflexo da tensão e da divisão vividas pela Grécia. Tsipras pede voto contra "chantagens e ultimatos". Atenas presenciou duas manifestações, nesta sexta-feira (03/07), visando o referendo agendado para o domingo e que definirá se os gregos aceitam as propostas de austeridade dos credores internacionais em troca de um novo programa de resgate. Segundo estimativas da polícia local, os comícios a favor do 'não' e do 'sim' atraíram cerca de 25 mil e 20 mil pessoas, respectivamente, às ruas da capital grega. Na manifestação favorável ao 'não', realizada na Praça Syntagma e que pede que o governo grego não ceda às exigências das instituições europeias e do Fundo Monetário Internacional (FMI), houve confrontos com a polícia. As forças de segurança usaram spray de pimenta contra dezenas de manifestantes que estavam jogando pedras e destruindo propriedades a poucos metros de onde os apoiadores do 'sim' realizavam o seu protesto. A confusão eclodiu momentos após a mais alta corte administrativa da Grécia, o Conselho de Estado, ter pronunciado um veredicto contra dois cidadãos que tinham lançado um processo contra a realização do referendo. Os dois argumentaram que a votação é ilegal, dizendo que a Constituição da Grécia proíbe votos populares em questões financeiras. Pesquisa mostra um país dividido O reflexo de tensão vivido no país às vésperas do referendo mostra um país dividido. Uma nova pesquisa de opinião sobre o referendo, divulgada nesta sexta-feira, indica um resultado equilibrado na votação. O levantamento encomendado pelo jornal grego Ethnos ao instituto de pesquisas Alco indica uma mudança na tendência revelada por uma pesquisa de opinião anterior, que colocava à frente o voto no 'não' às reformas econômicas impostas pelos credores da Grécia. A nova pesquisa coloca o 'sim' em ligeira vantagem, com 44,8% dos entrevistados se declarando a favor das reformas. Os eleitores contrários às medidas de austeridade somaram 43,4%, e os indecisos, 11,8%. Tsipras pede que votem pela dignidade O primeiro-ministro do pais, Alexis Tsipras, subiu ao palco na Praça Syntagma e convocou o povo grego a votar pela dignidade da Grécia. "No domingo, nãos estamos simplesmente tomando a decisão de permanecer na Europa estamos tomando a decisão de viver com dignidade na Europa", disse o premiê. "Peço que vocês digam 'não' a ultimatos e a virar as costas àqueles que aterrorizariam você. Ninguém pode ignorar essa paixão e otimismo." As palavras de Tsipras à multidão no centro de Atenas seguiram o mesmo tom adotado no discurso à nação, televisionado mais cedo. Nele Tsipras afirmou que não se trata de um 'não' à Europa e à zona do euro, mas de um voto contra "chantagens e ultimatos" e a favor de uma solução sustentável para o problema do endividamento grego. "Vamos silenciar os argumentos sem fundamento que incitam o medo de um desastre" declarou o premiê, que pediu à população que vote com calma e respeite a opinião contrária durante o processo de votação. "Na segunda-feira, estaremos todos unidos. O 'não' ao referendo não é um 'não' à Europa. Peço a vocês que digam 'não' aos ultimatos e às chantagens, mas também que digam 'não' à divisão." O primeiro-ministro disse ainda que a análise do FMI, mostrando que a dívida da Grécia é insustentável, justifica a decisão de seu governo de rejeitar o pacote de ajuda dos credores. "Um evento de grande importância política aconteceu", disse Tsipras. "O FMI publicou um relatório sobre a economia grega que é uma grande justificativa para o governo grego já que confirma o óbvio: que a dívida grega não é sustentável." PV/afp/ap
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