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Polícia francesa revela detalhes macabros sobre atentado em fábrica química

19:22 | 27/06/2015
Principal suspeito teria tirado foto com patrão decapitado e a enviado por WhatsApp a um número estrangeiro. Autoridades internacionais investigam possível coordenação entre ataques na França, Tunísia e Kuwait. O dia seguinte à série de atentados de fundo terrorista islâmico confirmado ou presumido continua sendo de luto e de choque, mas também de investigações intensificadas. A grande pergunta permanece em aberto: se os ataques na Tunísia, França e Kuwait foram coordenados e se estão relacionados à conclusão, em 29 de junho, do primeiro ano desde a autoproclamação do "Estado Islâmico" (EI) como "califado". Um argumento a favor dessa teoria é o fato de os atos criminosos terem sido cometidos quase simultaneamente, apesar de separados por grande distância geográfica. O presidente do Conselho Central Muçulmano na Alemanha, Aiman Mazyek, considera possível ter havido uma ação coordenada, "uma combinação entre os terroristas". Diversos órgãos nacionais e internacionais estão investigando, entre eles o Ministério Público Federal alemão, sediado em Karlsruhe. Ao contrário do massacre na Tunísia e do ataque suicida no Kuwait, até o momento nenhum grupo jihadista reivindicou o crime na França. O presidente François Hollande convocou neste sábado (27/06) uma reunião urgente com o primeiro-ministro Manuel Valls. Suspeito é interrogado A polícia francesa continua interrogando o suspeito do ataque à fábrica americana de produtos químicos Air Products & Chemicals em Saint-Quentin-Fallavier, a cerca de 40 quilômetros de Lyon. Yassin Salhi, pai de família de 35 anos, é responsabilizado por causar uma explosão ao invadir, com uma camionete de entregas, um depósito contendo recipientes de substâncias químicas perigosas. Um promotor comentou que, ao ser subjugado por bombeiros, o suspeito tentava abrir bujões de acetona, possivelmente com o fim de causar uma explosão ainda mais grave. Segundo o promotor François Molins, não há qualquer indicação de que Salhi tenha agido com um cúmplice. A polícia francesa também interroga no momento um segundo homem por acusações relacionadas a terrorismo, mas não está claro se ele estaria envolvido no atentado de Saint-Quentin-Fallavier. Ligações salafistas O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, informou que, mesmo não sendo fichado na polícia, Yassin Salhi estava na mira dos serviços de segurança desde o início dos anos 2000. Ele havia sido investigado devido a ligações com salafistas radicais, mas nunca houvera indícios de que planejasse um atentado. Devido aos sinais de radicalização, em 2006 abriu-se um inquérito contra Salhi, que foi fechado dois anos mais tarde, relatou o ministro. Um colega de trabalho o descreveu à rádio francesa RTL como "lobo em pele de cordeiro", comentando que Salhi teria procurado conversar sobre o "Estado Islâmico", embora sem tentar recrutá-lo. Selfie com cabeça cortada Um detalhe especialmente macabro do atentado na França foi o achado de uma cabeça decepada, cravada numa cerca próxima. Segundo o promotor Molins, ela estava ladeada por duas bandeiras ilustradas com o Shahada, a profissão de fé muçulmana. A vítima era Hervé Cornara, de 54 anos, dono da firma de entregas em que Yassin Salhi trabalhava. Fontes próximas às investigações revelaram à imprensa que ele teria tirado uma selfie com o decapitado, enviando-a, pelo serviço de mensagens instantâneas WhatsApp, a um número no Canadá, cuja auntenticidade está sendo investigada. A forma de execução de Cornara, única vítima do ato, reforça as suspeitas de conexões com o "Estado Islâmico", que adotou a decapitação como uma de suas marcas registradas, em vídeos de recrutamento e intimidação. Além de suas bases no Iraque e na Síria, o grupo jihadista também age no Norte da África. A França está atualmente envolvida em diversas campanhas militares, tanto em países africanos eminentemente muçulmanos como contra a o EI, no norte Iraque. Isso tem tornado o país, que possui a maior população islâmica da Europa Ocidental, alvo frequente de fundamentalistas. AV/afp/rtr/ap/dpa
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