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Obama canta em homenagem ao pastor negro morto em Charleston; veja vídeo

''Cego pelo ódio, o suposto assassino não pôde ver a graça que o reverendo Pinckney irradiava'', disse Obama sobre o pastor, a quem conhecia pessoalmente

17:53 | 26/06/2015
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prestou homenagem nesta sexta-feira, 26, em Charleston ao pastor negro assassinado, junto com oito de seus fiéis, por um jovem defensor da supremacia branca, em uma chacina que chocou o país.

Diante de milhares de pessoas reunidas no centro desta pequena cidade da Carolina do Sul, o primeiro presidente negro da história americana saudou a memória de Clementa Pinckney, "um homem de Deus, um homem que acreditava em dias melhores".

"Cego pelo ódio, o suposto assassino não pôde ver a graça que o reverendo Pinckney irradiava", disse Obama sobre o pastor, a quem conhecia pessoalmente.

Assim como o pastor, as vítimas integravam um grupo de estudos bíblicos que foi alvo, em 17 de junho, na histórica Igreja Metodista Africana Episcopal Emanuel, da ira de Dylann Roof, de 21 anos, que tinha como objetivo, segundo suas palavras, dar início a uma "guerra racial".

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Dylan Roof, acusado formalmente de nove homicídios, está isolado em uma prisão de North Charleston.

"Rezamos pela paz, para sarar nossas feridas", declarou no início da cerimônia John Bryant, bispo da Igreja Episcopal Metodista Africana, aplaudido pela multidão. "Ele queria iniciar uma guerra racial, mas veio ao local errado", declarou o bispo.

Sob um sol escaldante, longas filas se formaram rapidamente pouco antes da cerimônia na sede da Universidade de Charleston, a poucos passos da igreja Emanuel.

"Estamos muito emocionados" pelo grande apoio, explicou Tamara Bostick-Baker, prima do pastor Pinckney. "Querido papai, sei que te mataram na igreja e que você partiu para o paraíso. Te amo", escreveu, a mais nova das duas filhas do pastor.

"Sabemos que sua vida foi de serviço. Serviu para nós e mudará para sempre a forma de ver o mundo", escreveu por sua vez sua esposa, Jennifer.

Desde quinta-feira, muitas pessoas começaram a chegar em Charleston para os primeiros funerais.
Além de Obama e sua esposa Michelle, o vice-presidente Joe Biden e vários legisladores do Congresso, estiverem presentes na cerimônia.

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O crime

O crime, um dos piores da história recente dos Estados Unidos, abalou o país e reavivou o debate sobre dois temas bastante sensíveis na sociedade americana: a latente tensão racial e a legislação sobre posse de armas de fogo.
A governadora da Carolina do Sul, a republicana Nikki Haley, pediu no início da semana a retirada da polêmica bandeira confederada, hasteada na frente do Capitólio estadual.

A este respeito, o presidente Obama declarou nesta sexta que a dor causada pela bandeira confederada, símbolo para muitos americanos do passado racista dos Estados Unidos, foi por muito tempo ignorada.

"Por muito tempo, ignoramos o peso das injustiças do passado", afirmou, acrescentando que "a bandeira sempre representou mais do que o orgulho ancestral... para muitos, negros e brancos, esta bandeira é uma recordação da opressão sistemática e subjugação racista".

Ele considerou que remover as estrelas e as barras da bandeira em questão não seria "um insulto ao valor dos soldados confederados, seria simplesmente um reconhecimento de que a causa pela qual eles lutaram, a causa da escravidão, estava errada".

O chefe de Estado americano também denunciou o "caos" criado pelas armas de fogo nos Estados Unidos, e apelou para uma verdadeira reflexão sobre este tema.

"Nós estivemos cegos para o caos que a violência armada inflige sobre esta nação", disse Obama. "A grande maioria dos americanos, a maioria dos proprietários de armas querem fazer algo sobre isso", ressaltou.

Obama se referiu a outros tiroteios em massa que chocaram o país - o massacre na escola de Newtown em 2012, as mortes em um cinema no Colorado naquele ano - e reconheceu que apenas os controles mais rígidos sobre as armas não foram suficientes para impedir tais tragédias.

 

AFP

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