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Líderes da zona do euro saúdam cautelosamente nova proposta grega

22:12 | 22/06/2015
Há esperanças de um acordo de última hora entre Atenas e credores internacionais. Novo plano de reforma é classificado como "a primeira proposta real em muitas semanas". Diretora-geral do FMI, no entanto, segue cética. A Grécia finalmente apresentou reformas econômicas que os credores internacionais consideram mais perto de serem aceitáveis, dando ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, alguns dias para transformar um espírito de boa vontade num acordo final. Apesar de um acordo sólido entre Atenas e seus credores não ter sido sacramentado durante a cúpula de emergência em Bruxelas, nesta segunda-feira (22/06), os líderes dos 19 Estados-membros da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmaram que o novo plano de reforma grego oferece a base para quebrar o impasse de mais de quatros meses nas negociações. "Estamos avançando em direção a um acordo", disse o presidente francês, François Hollande. Ele também garantiu que um terceiro resgate financeiro para a Grécia está fora de questão. "Não haverá um terceiro programa", afirmou, explicando que o debate está focado somente na extensão do resgate que termina em 30 de junho. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, aderiu ao coro: "Estamos mais perto do nunca estivemos antes. Estou convencido de que chegaremos a um acordo final nesta semana, pelo simples fato de que precisamos selar um acordo nesta semana". Questionado na coletiva de imprensa se o perdão das dívidas gregas foi mencionado na cúpula dos líderes europeus, Juncker respondeu de forma seca: "Não é o momento para falarmos disso". "Muito trabalho ainda há de ser feito" A chanceler federal alemã, Angela Merkel, também classificou a nova proposta grega como um ponto de partida no caminho para um acordo. "No entanto, para chegar a uma conclusão, muito trabalho incrivelmente focado ainda há de ser feito", alertou. Merkel afirmou esperar que o novo encontro dos ministros das Finanças, agendado para quarta-feira, consiga alcançar e anunciar resultados concretos. Os líderes nacionais voltam a se reunir na capital belga na quinta-feira, numa cúpula de dois dias. No entanto, a chanceler federal salientou que a base das negociações continua sendo a posição das três instituições doadoras: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia. Elas haviam garantido à Grécia um pacote de resgate no valor de 240 bilhões de euros. Propostas gregas ainda estão aquém para o FMI Na proposta de compromisso do governo grego, Tsipras está oferecendo cerca de 8 bilhões de euros em impostos mais altos e medidas de austeridade ao longo dos próximos dois anos vários dos quais vão contra ao seu discurso na campanha eleitoral. Além disso, Atenas se mostrou disposta a aumentar o Imposto do Valor Agregado (IVA, no Brasil) no setor do Turismo (hotéis, bates e cafés), a abolir as aposentadorias precoces e a criar um imposto especial para os ricos do país. E o imposto imobiliário, que o governo esquerdista de Tsipras queria abolir, deve ser mantido. Além disso, o governo grego quer reduzir os gastos militares em 200 milhões de euros. Por outro lado, não devem ter cortes nas aposentadorias. "Nossa proposta foi aceita como base para conversações", disse Tsipras, após a reunião de quatro horas. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que o novo plano da Grécia "é a primeira proposta real em muitas semanas". Já a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, se mostrou mais cautelosa. "Apesar das melhorias na oferta da Grécia, o plano ainda carece de especificidades. Ele ainda está aquém de tudo o que esperamos", disse. Críticas aos custos das repetidas cúpulas E o ministro das Finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem, que presidiu a reunião de emergência do Eurogrupo, que ocorreu antes da cúpula dos líderes nacionais, disse que "é uma oportunidade de fechar este acordo nesta semana". "Iremos trabalhar com empenho nos próximos dias as instituições com o governo grego para chegar a um acordo nesta semana", disse Dijsselbloem, antes de ser confrontado com a pergunta de um jornalista questionando a razão e os altos custos das ultimamente corriqueiras cúpulas de emergência para solucionar a crise financeira grega o que foi criticado pelos ministros das Finanças de Áustria e Finlândia. Manifestação em Atenas Também nesta segunda-feira, milhares de manifestantes se reuniram no centro de Atenas e protestaram a favor da permanência da Grécia na zona do euro. Eles pediram que o governo grego não destrua a relação com os credores internacionais. Qualquer acordo com eles é melhor do que a expulsão da zona do euro o que seria um desastre, segundo os manifestantes. O atual programa de ajuda financeira se encerra em nove dias: Atenas tem até 30 de junho para reembolsar o FMI em 1,6 bilhão de euros. Apesar das tentativas do governo de restabelecer a calma, na última semana os poupadores gregos sacaram mais de 4,2 bilhões de euros. PV/afp/dpa/rtr/ap
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