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Obra de Hamilton de Holanda chega à Alemanha

11:18 | 06/05/2015
"Não quero rotular minha música para não me podar, a criação tem que ser livre", diz o bandolinista brasileiro, que tem cinco discos lançados na Alemanha pelo selo de jazz MPS. Eclética, virtuosa e cheia de sentimentos, a música do bandolinista Hamilton de Holanda é difícil de ser rotulada, mas seu fascínio é fácil de ser compreendido. Com uma carreira consolidada no Brasil, onde gravou ao lado de gigantes como Chico Buarque e Maria Bethânia, e apresentações na Europa e Estados Unidos, Hamilton tem suas obras mais recentes lançadas na Alemanha. Bandolim é uma coletânea com destaques dos álbuns Trio, Pelo Brasil, Brasilianos 2 e 3. Todos esses títulos estão sendo lançados na Alemanha pelo selo MPS, especializado em jazz. "Eu não quero rotular minha música para não me podar, a criação tem que ser livre. A melodia quando nasce não tem nacionalidade, sua essência é pura", disse o músico em entrevista à DW Brasil em Berlim. Hamilton se apresentou pela primeira vez na capital alemã para um grupo de jornalistas. No clima intimista da apresentação ele mostrou suas técnicas e a maneira como ele e seu bandolim transformam canções em histórias uma jornada que busca nas raízes da música brasileira uma maneira para expandir suas possibilidades. "No começo, me lembrou um pouco uma prova na universidade, mas depois me senti em casa. Lembrei das festas de quando eu era pequeno, quando, nos fins de semana, reuníamos amigos e família para tocar", diz Hamilton. Brasília eclética Filho de pernambucanos, Hamilton nasceu no Rio de Janeiro, mas em seguida sua família, repleta de músicos, mudou-se para Brasília. Desde pequeno, ele participava de rodas de samba e choro em casa. Aos 5 anos, depois de ganhar um bandolim do avô de presente de Natal, passou a estudar música. "Comecei com o violino porque não tinha professor de bandolim na escola. Passava a semana estudando música clássica e no fim de semana participava das rodas de choro", conta. Apesar da formação clássica e da base musical no samba e no choro, Hamilton também foi influenciado pela cena rock de Brasília e chegou até a tocar baixo em uma banda. Seu ouvido apurado também apreciava MPB e jazz. "Brasília é uma cidade nova, onde as tradições se encontraram. Eu cresci no meio de tudo isso. Essa mistura foi definitiva na minha formação", afirma. Pequena orquestra A maturidade e a complexidade do trabalho de Hamilton acabaram ficando pequenas para um bandolim de apenas oito cordas. Depois de estudar violão e composição, ele percebeu que precisava expandir o som do seu instrumento. "Eu via um pianista e achava legal que ele tocava melodia e acorde ao mesmo tempo. Queria fazer isso com o bandolim, então pedi para criarem um com dez cordas, que acabou virando meu instrumento", diz Hamilton. Após terminar a universidade, Hamilton ganhou uma bolsa e passou uma temporada em Paris, explorando e aperfeiçoando o som de seu novo instrumento. "Foi uma necessidade de expressão artística. Quando estudei, pegávamos uma obra de Bach ou Villa-Lobos e dissecávamos todos os instrumentos. Queria tocar meu bandolim como uma pequena orquestra", relembra. Hamilton participou da escolha do repertório de Bandolim. O disco é uma espécie de introdução à recente produção do compositor e instrumentista. As faixas de seus últimos discos apresentam o eclético trabalho do músico em gravações solo, em trio e quinteto. "Compor é minha maior verdade artística. Quando componho, sou aquilo que vejo no mundo com aquilo que eu aprendi de outros músicos. Estudei muito, mas não quero que minha música seja só pensar. Gosto de partir do espontâneo. O pensamento entra mais para dar um retoque. Se não for assim, ninguém vai se emocionar. Nem mesmo eu", diz o músico.
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