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Conferência busca novos caminhos de combate à aids

09:19 | 22/07/2012
Cerca de 25 mil pessoas se reúnem até o próximo sábado na Conferência Internacional sobre a Aids, realizada em Washington. Organizadores acreditam que luta contra o vírus esteja num momento decisivo. "Pela primeira vez tenho a sensação de estarmos no início do fim da epidemia da Aids", diz com otimismo Diane Havlir, médica do Hospital Geral de São Francisco e uma das profissionais que dirigem a 19ª Conferência Internacional da Aids, realizada na capital norte-americana deste domingo (22/07) até o próximo sábado. Havlir pretende, ao lado de outros profissionais do setor, "virar a página", como já diz o lema da conferência. A médica está entre os primeiros pesquisadores da enfermidade, tendo tratado de pacientes infectados desde o início da epidemia, nos anos 1980. E para tanto otimismo, Havlir tem suas razões: "Nos últimos três anos, foram feitas diversas descobertas na pesquisa da aids, com a ajuda das quais foi possível reduzir o número de novos infectados e de mortes", diz Havlir. Entre estas descobertas, está também a constatação de que os medicamentos, hoje em dia, não apenas melhoram a qualidade e o tempo de vida do paciente, mas também podem evitar uma infecção. Há pouco, as autoridades norte-americanas acabaram de permitir a comercialização de um medicamento que supostamente reduz muito a possibilidade de contágio com o vírus. Embora isso não signifique 100% de proteção, segundo os pesquisadores. Assegurar o financiamento e despertar a atenção A proteção contra o contágio será outro tema importante a ser tratado pelos 25 mil participantes do congresso. Em mesas redondas e workshops para pesquisadores, médicos, políticos e outros envolvidos, haverá discussões também sobre novos medicamentos e modalidades de vacina e tratamento, assim como acerca da procura de uma substância que possa curar definitivamente esta doença, que ataca sobretudo homens homossexuais, dependentes de drogas e prostitutas. Diante dos caixas vazios, os especialistas reunidos em Washington discutirão, ainda, formas de financiamento do combate à aids. "Não vai ser fácil", constata Chris Collins, vice-presidente da amfAR, fundação norte-americana de pesquisa sobre a aids. "É necessário um investimento contínuo num momento em que tanto os EUA quanto outros países se encontram frente a sérios desafios financeiros". Além disso, o assunto perdeu em relevância para a opinião pública. "A aids saiu da consciência de muitas pessoas, tanto nos EUA quanto em outros países", lamenta Diane Havlir. "Sabemos que é um problema, mas no momento o tema não atrai atenção suficiente para que sejam tomadas as medidas necessárias", diz ela. Retomada das conferências nos EUA Em todo o mundo, 30 milhões de pessoas já morreram em consequência da aids. Hoje, há 34 milhões de infectados e somente 6 milhões estão em tratamento. "Este número deverá se duplicar em breve", afirma Havlir. Deborah von Zinkernagel, coordenadora da iniciativa de combate à aids dentro da Secretaria de Estado norte-americana, elogia, neste sentido, a cooperação com os países africanos. "Um exemplo é a África do Sul, onde o governo e a sociedade civil se empenham bastante, porque perceberam a influência que a epidemia tem sobre o país. Vemos isso também em outros países, como Namíbia e Botswana", completa Von Zinkernagel. O combate à aids é também um combate constante contra o estigma e uma luta pelos direitos humanos em todos os lugares do mundo. É sintomático que a conferência, de caráter bianual, só tenha voltado agora aos EUA, 22 anos depois da última ter sido realizada no país, pois em 2009, o presidente Barack Obama aboliu a proibição de entrada no país de infectados com o HIV. Obama não participará, contudo, da conferência, na qual estará presente a secretária de Estado Hillary Clinton. Autora: Christina Bergmann (sv) Revisão: Marcio Damasceno

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