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Vice-ministro sírio do Petróleo renúncia e se une à oposição

12:20 | 08/03/2012

DAMASCO, 8 Mar 2012 (AFP) - O vice-ministro sírio do Petróleo, Abdo Hussameddine, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira, 7, para se unir à oposição, quase um ano depois do início da revolta contra o regime do presidente Bachar al-Assad.

"Eu, o engenheiro Abdo Hussameddine, vice-ministro do Petróleo anuncio minha demissão e me uno à revolução do povo que rejeita a injustiça e a campanha brutal do regime", declarou o vice-ministro, o mais alto dirigente a abandonar o regime sírio, em uma mensagem de vídeo no Youtube.

Hussameddine, que para a própria segurança passou à clandestinidade, pediu aos outros membros do governo que abandonem "um barco que afunda", dizendo não deseja terminar sua vida "a serviço de um regime criminoso".

Burhan Ghalioun, chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS, principal representação da oposição), festejou esta renúncia, clamando para que os membros e funcionários do governo façam o mesmo.

No vídeo, Abdo Hussameddine critica Rússia e China por não proteger "o povo sírio, mas sim os assassinos do regime".

A Rússia, que fornece armas para Damasco, e a China bloquearam em duas ocasiões resoluções da ONU condenando a repressão na Síria.

A chefe de operações humanitárias das Nações Unidas, Valerie Amos, prosseguiu nesta quinta-feira com a visita ao país para tentar conseguir o acesso sem obstáculos da ajuda humanitária para os civis.

Amos e o Crescente Vermelho sírio foram autorizados na quarta-feira a entrar em Homs - incluindo o castigado distrito de Baba Amr - após a intensa pressão internacional para que fosse permitida uma visita guiada para que avaliasse os danos causados pela crise nesta cidade que se tornou símbolo da oposição
A região se encontra completamente arrasada e sem habitantes, após um mês de intensos bombardeios com artilharia pesada, segundo a ONU.

Amos permanecerá até esta quinta-feira na Síria e o regime assegurou sua cooperação, mas já na quarta-feira não pôde entrar em alguns bairros de Homs, onde se ouviam tiros e explosões.

Uma reunião de coordenação da ajuda humanitária internacional foi iniciada nesta quinta-feira em Genebra, para avaliar as necessidades e possibilidades de acesso.

 O emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, pediu nesta quinta-feira a cooperação da oposição síria na busca por uma solução para a crise no país, que enfrenta há um ano uma revolta popular reprimida pelo governo.

O secretário americano da Defesa, Leon Panetta, pediu prudência diplomática na Síria, assinalando que os esforços se concentram em soluções diplomáticas e políticas no lugar de uma intervenção militar.

Ao menos quatro pessoas morreram nesta quinta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Além disso, duas explosões aconteceram em dois edifícios das forças de segurança na cidade de Aazaz, na província de Alepp que foi duramente bombardeada na quarta-feira pelo exército.

Segundo o OSDH, a violência matou 8.458 pessoas desde o início da revolta ano passado na Síria, e a situação é cada vez mais preocupante.

Por ocasião do 49º aniversário da "revolução de 8 de março de 1963" , que levou ao poder o partido Baath, a liderança nacional deste partido advertiu contra um "complô estrangeiro" de países árabes e ocidentais que "instrumentalizaram o levantamento popular pacífico".

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