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Para o Dia Internacional da Mulher, o Coliseu se conjuga no feminino

Em homenagem à data, o Coliseu foi aberto a visitas especialmente dedicadas a mulheres históricas

15:46 | 08/03/2012

ROMA, 8 Mar 2012 (AFP) - Um símbolo do universo masculino, viril por excelência, o Coliseu de Roma foi conjugado no feminino, nesta quinta-feira, 8, em Roma, por ocasião do dia 8 de Março, com uma jornada especial dedicada à história das mulheres na Antiguidade. Afinal, elas chegaram a ser, também, hábeis gladiadoras e houve, inclusive, o caso de imperatrizes perdidas de amor por heroicos combatentes da arena.

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o Coliseu foi aberto a visitas especialmente dedicadas a mulheres históricas.

"Ferro, é disso o que gostam", clamou uma atriz, ao recitar, no célebre anfiteatro romano, um texto satírico do poeta latino Juvenal.

Em seus poemas, o escritor questiona os motivos pelos quais Eppia, de família 'patrícia' e casada com um senador romano, deixou o país, partindo para sempre em direção ao Egito, depois de "abandonar seus filhos em lágrimas".

"Braços quebrados, narizes grossos, olhos remelentos... isto é um gladiador", descrevia Juvenal com um misto de desprezo e inveja, ao testemunhar a colossal atração exercida por esses lutadores nas mulheres.

"Ricas ou pobres, elas enlouqueciam por eles. Eram tão famosos como são os jogadores de hoje em dia", disse a arqueóloga Lucilla Rossi, uma das organizadores da visita original ao monumento romano para narrar a vida das mulheres que passaram por ele, tendo como ouvintes um público exclusivamente feminino.

"As referências escritas que temos dessa época, foram elaboradas por homens, os quais costumavam criticar duramente as mulheres, sua conduta e seus sentimentos, principalmente quando não representavam o estereótipo de matronas romanas. Não eram imparciais!", exclamou.

Outra vítima das maledicências foi Faustina a Jovem, esposa do imperador Marco Aurélio que, embora atacada duramente na História Augusta, livro onde são narrados seus adultérios com marinheiros e gladiadores. A obra sugere, inclusive, que seu filho Cômodo - que se transformaria em imperador cruel e sanguinário- teria sido concebido com um gladiador. Cômodo (que governou de 161 a 192) gostava de descer eles mesmo à arena, para combater homens e feras.

Enfim, num mundo cheio de sangue, arena e lágrimas, as mulheres também combatiam.

"O tema é polêmico", destacou Rossi, admitindo que existem "numerosas fontes confiáveis" que o confirmam.

Um mosaico que decora o Coliseu parece atestar o episódio: nele, duas mulheres gladiadoras, armadas até os dentes, arrastam um animal.

O historiador romano Suetônio também fala sobre a existência de gladiadoras, narrando espetáculos noturnos com combates entre mulheres, às vezes, com os seios nus.

O escritor e político romano Petrônio menciona em sua célebre obra de ficção 'Satyricon', uma mulher que combate com homens.

"Era de qualquer forma, uma situação muito restrita", explicou a diretora do Coliseu, Rossella Rea.

Em sua opinião, tratava-se mais de "um espetáculo para entreter o público entre um ato e outro".

Como sua presença não era habitual, o efeito "surpresa era desejado", explicou Rossi.

"Traziam animais raros, hipopótamos e girafas. Organizavam combates fora do comum, como mulheres contra anãos.", disse.

A visita guiada, gratuita, para marcar o Dia Internacional da Mulher, permitiu também o acesso a zonas reservadas, entre elas a arena e os andares superiores do enorme anfiteatro, um dos locais mais célebres do mundo e exemplo da imponente arquitetura levantada durante o império romano.

Neste 8 de Março, a entrada no Coliseu, como em outros monumentos de Roma, está liberada para as mulheres.

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