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Multidão de fiéis e luto nacional para o enterro de Shenouda III

12:58 | 20/03/2012

CAIRO, 20 Mar 2012 (AFP) - Entre a fumaça dos incensos e cânticos de luto, o enterro do patriarca da Igreja Ortodoxa Copta do Egito, Shenouda III, foi realizado nesta terça-feira, 20, no Cairo, na grande Catedral de São Marcos, lotada por fiéis, religiosos e oficiais.

Shenouda III, que liderou a maior igreja cristã do Oriente Médio por quatro décadas, morreu no sábado aos 88 anos após um ataque cardíaco que se juntou a outros problemas graves de saúde.

"Shenouda descansa em paz, mas nós não o perdemos", disse o chefe da Igreja Copta da Etiópia, o patriarca Abune Paulos, que chegou de Addis Abeba para abrir a cerimônia.

O caixão aberto revelava o rosto do falecido e sua tiara de ouro. O corpo foi cercado por muitos religiosos, que carregavam o chapéu tradicional preto do clero copta.

Milhares de pessoas também se reuniram na parte de fora da catedral. Exibiam imagens do patriarca, principal personalidade de uma comunidade preocupada com a ascensão do fundamentalismo islâmico e das tensões sectárias.

No interior, diversas personalidades coptas, como o magnata das

telecomunicações Naguib Sawiris e o ministro do Turismo, Munir Fakhry Abdel Nur, posicionaram-se ao lado do presidente do Parlamento, o islamita Saad Katatni.

O Conselho Militar, no poder desde a queda de Hosni Mubarak no ano passado, também foi representado, assim como o corpo diplomático, que contou com a representação da embaixadora dos Estados Unidos Anne Patterson.

No domingo, três pessoas morreram sufocadas pela multidão de fiéis, que esperava na Catedral para prestar homenagem ao patriarca morto, cujo corpo foi exposto em um trono de madeira entalhada.

Após a cerimônia, o caixão saiu da catedral para ser transportado ao mosteiro de São Bichoi, 100km ao noroeste do Cairo, onde o enterro será realizado. O mosteiro, fechado ao público, foi cercado por um forte esquema de segurança.

Um dia de luto nacional foi declarado pelos militares. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela televisão estatal, e as bandeiras do país foram hasteada a meio mastro.

Os coptas representam de 6 a 10% da população egípcia, composta em sua grande maioria de muçulmanos sunitas. Pouco representada nas instituições e na administração pública, esta comunidade tem um forte sentimento de marginalização.

Muito conservador quanto aos dogmas, o patriarca foi um forte partidário de Hosni Mubarak, derrubado em fevereiro de 2011 por uma revolta popular.

Criticado por alguns coptas por sua rigidez sobre questões como a proibição do divórcio e sua posição conciliatória em relação ao poder militar vigente, também foi considerado por muitos como um protetor fiel de um país em convulsão.

A comunidade copta foi particularmente afetada na noite do dia 1 de janeiro de 2011. Um ataque contra uma igreja de Alexandria deixou cerca de vinte pessoas mortas.

Em outubro, a repressão pelas forças de segurança de uma manifestação copta no Cairo, que protestavam contra a destruição de uma outra igreja, também resultou na morte de vinte pessoas.

O cargo ocupado por Shenouda III foi temporariamente confiado ao bispo Pacômio Beheira (Delta do Nilo).

O complexo processo de nomeação de um novo patriarca poderia levar vários meses, de acordo com a imprensa e especialistas. Cinco ou seis bispos podem ser candidatos.

Um conselho de 1.500 pessoas, religiosos ou laicos de confissão copta, irá realizar a seleção.

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