PUBLICIDADE
Notícias

Merkel e Rousseff: acordo sobre o FMI, divergências sobre política monetária

Discursando na feira de alta tecnologia CeBIT na Alemanha, a presidente brasileira afirmou que estava "preocupada com a expansão monetária na Europa e nos Estados Unidos"

11:34 | 06/03/2012

A presidente brasileira Dilma Rousseff e a chanceler alemã Angela Merkel discordaram nesta terça-feira em relação aos movimentos da Europa para se recuperar de sua crise da dívida, mas concordaram que os países em desenvolvimento devem desempenhar um papel maior no FMI.

Discursando na feira de alta tecnologia CeBIT na Alemanha, a presidente brasileira afirmou que estava "preocupada com a expansão monetária na Europa e nos Estados Unidos", ao considerar que os europeus estão fazendo uma "desvalorização artificial de sua moeda", o que dificulta as exportações brasileiras.

Nesta terça-feira, Dilma reclamou que as nações ricas estavam respondendo à crise financeira global com crédito fácil e baixas taxas de juros - e este dinheiro barato se dirigia ao Brasil, que possui altas taxas de juros e uma moeda forte.
"Estamos preocupados com este tsunami monetário" causado pelos "países desenvolvidos", disse Dilma em um discurso aos líderes empresariais e trabalhistas.

Desde o início da crise da dívida, o Banco Central Europeu oferece aos bancos da Eurozona crédito ilimitado com baixas taxas de juros para evitar um aperto de crédito. Isso empurrou para baixo o valor do euro.
Por sua vez, a chanceler alemã Angela Merkel ressaltou que estas medidas são temporárias e, embora entenda as preocupações, alertou que os países não devem responder com medidas protecionistas, em uma referência ao Brasil.
O Brasil, que em dezembro superou a Grã-Bretanha como a sexta maior economia mundial, foi criticado pelo que alguns consideraram medidas protecionistas.

Dentre as causas da revolta internacional, está uma decisão de setembro de taxar em 30% todos os veículos que não sejam pelo menos 65% feitos no Brasil, ou produzidos no Mercosul.

No entanto, as duas líderes concordaram em aumentar os recursos do Fundo Monetário Internacional e dar às nações em desenvolvimento um papel maior na instituição.

"Desde a reunião do G20 de Cannes (em novembro de 2011), afirmamos que estamos de acordo em participar no aumento dos recursos do Fundo Monetário Internacional", disse Dilma.

No entanto, isto deve ir de mãos dadas com um "reforço da participação de países emergentes" nos altos escalões do FMI, enfatizou.

Merkel afirmou que era "muito natural" reforçar a influência dos emergentes no FMI e destacou que, neste sentido, Alemanha e Brasil estão "em grande harmonia".

Dilma e Merkel discursaram depois do tradicional tour do primeiro dia da CeBIT, a maior feira de alta tecnologia do mundo, na cidade alemã de Hannover, que neste ano recebe cerca de 4.200 expositores de 70 países e que tem o Brasil como convidado de honra.

 

AFP

TAGS