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Líder do Exército Sírio Livre: fim de Assad será pior que o de Kadhafi

14:13 | 14/03/2012

PERTO DA FRONTEIRA TURQUIA-SÍRIA, 14 Mar 2012 (AFP) - "Assad matou tanta gente que seu final deveria ser pior que o de Kadhafi", afirma Amar al Wawi, um militar desertor que se converteu no número dois do Exército Sírio Livre (ESL), que combate o regime.

O ex-oficial admite que o ESL conta apenas "com pistolas e Kalashnikovs" e com cerca de 50.000 mil efetivos para enfrentar "aviões de combate, blindados, armamento pesado, helicópteros e navios de guerra" do regime, que dispõe de 300.000 soldados e cerca de um milhão de milicianos e membros dos serviços de segurança.

Apesar desta desvantagem, Wawi está convencido de que o poder de Assad vai desmoronar. "Nossa força reside no apoio do povo, porque somos os que o protegemos", afirma. Além disso, "nós temos as ideias e a ética e isso é o que nos torna fortes. A vitória será para os que lutam pela verdade e pela ética", acrescenta.

A luta pode ser enfadonha.

"A revolução contra a ocupação (colonial) francesa durou dez anos, os palestinos lutam desde 1948 contra Israel. As revoluções triunfam quando é o povo quem decide acabar com o regime", sentencia.

Wawi nega que o ESL - cujo chefe máximo é o coronel Riad al-Assad - tenha pedido uma intervenção exterior e afirma que esperar algo neste sentido seria ilusório.

"A comunidade internacional e os governantes das potências mundiais não têm ética e sempre trabalham para apoiar os ditadores. Não espero nada deles", afirma, embora exija ao mesmo tempo "zonas de exclusão aérea e corredores humanitários" para levar ajuda à população civil.

Wawi também nega categoricamente que o ESL conte em suas fileiras, como afirma o regime sírio, com membros da AL-Qaeda ou com mujahedines procedentes de Afeganistão e Paquistão.

"Todos os que formamos o Exército Sírio Livre somos sírios. Desde os capitães até os soldados. Todos éramos soldados no exército regular", insiste.

Também ressalta que, com argumentos semelhantes, o líbio Muamar Kadhafi, o tunisiano Ben Ali e o egípcio Hosni Mubarak tentaram desqualificar as revoltas populares que acabaram por derrubar suas ditaduras. "É tudo mentira", proclama.

Já Assad, segundo o militar rebelde, conta com o apoio das forças de segurança do Irã, de membros da milícia libanesa do Hezbollah e de partidários do clérigo iraquiano Moqtada al Sdr. Todos esses grupos são de confissão xiita (um braço do islã).

"O regime é criminoso, sectário e começou a utilizar a religião para dividir o país", denuncia.

Wawi descarta o perigo de que a Síria se torne outro Iraque, onde a invasão americana derrubou em 2003 o ditador Saddam Hussein, mas desencadeou uma guerra sectária entre sunitas e xiitas que deixou milhares de mortos.

Na Síria "não foram as potências internacionais as que começaram tudo isso, mas o povo, razão pela qual não se contempla uma guerra civil ou uma guerra de sectária, porque todos os sírios buscam o mesmo objetivo, que Assad caia", sustenta.

Esse desenlace, após o fracasso das grandes potências e da Liga Árabe para conseguir uma solução negociada, corre o risco de ser tão atroz quando o fim de Kadhafi, que morreu linchado por seus inimigos em outubro.

"Bashar al-Assad matou tanta gente que seu final deveria ser pior que o de Kadhafi", adverte Wawi.

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