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AFP - Polícia cerca assassino de Toulouse que pretendia atacar novamente

12:11 | 21/03/2012
TOULOUSE, 21 Mar 2012 (AFP) - A polícia francesa cercou na madrugada desta quarta-feira o prédio onde mora o suspeito das matanças de Montauban e Toulouse, um francês de origem argelina com antecedentes criminais, supostamente ligado à Al-Qaeda e que, de acordo com o presidente Nicolas Sarkozy, estava pronto para realizar um novo ataque. Fontes ligadas à investigação afirmaram que o suspeito é Mohammed Merah, de nacionalidade francesa e de origem argelina, que já teria sido detido em Kandahar, reduto dos talibãs no Afeganistão, no fim de 2010 por crimes comuns. O suspeito foi cercado no bairro Croix-Daurade, em Toulouse, por forças especiais da RAID, a unidade de elite da polícia francesa e afirmou que se entregaria durante a tarde, segundo o ministro do Interior, Claude Guéant. Merah, de 24 anos, alegou ter assassinado o professor e as crianças judias para vingar a morte de crianças palestinas inocentes e que o ataque a militares franceses foi praticado por causa das intervenções do Exército francês no exterior. Segundo Nicole Yardeni, delegada local do Conselho Representativo de Instituições Judaicas (Crif), Sarkozy revelou, durante uma reunião com representantes das comunidades religiosas em Pérignon, perto do local onde o suspeito estava cercado pela polícia, que Merah pretendia executar um novo ataque. "Tinha um plano para matar na manhã desta quarta-feira", disse Yardeni. O ministro Guéant ressaltou que a preocupação das autoridades francesas é "deter vivo" o suspeito dos assassinatos em Toulouse e Montauban. "Nossa principal preocupação é detê-lo em condições que possamos apresentá-lo à justiça", disse o ministro, que também destacou a necessidade do "bom funcionamento da justiça". O ministro do Interior, que acompanha pessoalmente a operação, disse que a mãe do jovem "foi levada ao local para conversar com o filho, mas desistiu" de convencê-lo a se entregar. O irmão do jovem foi detido pela polícia, revelou Guéant. "Todos sabem que nos locais dos crimes havia apenas um suspeito, mas seu irmão está preso" porque as investigações revelaram "provas sistemáticas". Segundo Guéant, o homem cercado pela polícia "tem vínculos com salafistas e jihadistas e viajou ao Paquistão e ao Afeganistão". "Ele afirma pertencer à Al-Qaeda e que quer vingar as crianças palestinas e castigar o Exército francês". O irmão e a irmã do jovem participavam do mesmo movimento, mas são menos violentos e não viajaram à fronteira entre Paquistão e Afeganistão. "A polícia está certa de que ele é o autor do massacre: um jovem de 24 anos conhecido pelos serviços de informação franceses, que comprovaram seu envolvimento na série de assassinatos Toulouse", destacou o ministro. No início da operação desta quarta-feira, três policiais ficaram feridos sem gravidade, um no joelho, outro no ombro e um terceiro atingido por disparo contra o colete a prova de balas. O suspeito "faz parte deste pessoal que volta das zonas de combate e que sempre é fonte de preocupação para os serviços" de inteligência, revelou uma fonte ligada à investigação. Os serviços de informação ocidentais estavam em alerta para uma dezena de jovens procedentes das zonas conflituosas da fronteira entre Paquistão e Afeganistão, incluindo alguns que seguiram para a França. O jovem era investigado pela DCRI (Direção Central de Informação Interna), junto a outros, desde os primeiros ataques, em Toulouse e Montauban. No dia 11 de março, um homem matou um soldado de origem magrebina em Toulouse, No dia 15, atirou em três soldados do regimento de paraquedistas na cidade vizinha de Montauban - dois de origem magrebina e o terceiro de origem caribenha - matando dois e ferindo um gravemente. Agentes da polícia com coletes à prova de bala ocuparam as ruas do exclusivo bairro de Croix-Daurade, próximo à escola judaica onde ocorreu o massacre de três crianças e um adulto, na segunda-feira passada. As autoridades francesas deflagraram na terça-feira uma corrida contra o relógio para deter o assassino, a partir de informações preliminares obtidas através de vídeos de vigilância, testemunhos de sobreviventes e de contatos entre o assassino e sua primeira vítima, de 11 de março. Os investigadores foram capazes de reconstituir parte do percurso do assassino desde o dia 6 de março, quando roubou a scooter que foi utilizada até o último ataque, na segunda-feira. No período de 14 dias, o homem agiu a cada quatro dias e a cada vez utilizou uma scooter e duas armas calibre 9mm e 11.43, além de um capacete para evitar ser reconhecido. A cada assassinato, o criminoso disparou na cabeça "à queima roupa", destacou o promotor de Paris François Molins, responsável por esta investigação de terrorismo classificado.

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