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AFP - Os 'soldados perdidos' ou os 'lobos solitários' vinculados à Al-Qaeda

11:10 | 21/03/2012
PARIS, 21 Mar 2012 (AFP) - "Soldados perdidos" ou "lobos solitários", os jovens franceses jihadistas sob a influência da Al-Qaeda que visitaram Paquistão ou Afeganistão, como Mohammed Merah, suspeito de ser o assassino da scooter, são vigiados muito de perto pelos serviços de inteligência. Este jovem de 24 anos estava sendo seguido pela Direção Central da Inteligência Interior (DCRI), segundo o ministro do Interior, Claude Guéant. Para Louis Caprioli, ex-responsável da Direção de Vigilância do Território (DST, convertido no DCRI), o perfil destes jihadistas é conhecido há cerca de 15 anos. "Às vezes, pequenos delinquentes se convertem ao salafismo", uma corrente rigorosa do islã sunita fundada sobre uma interpretação estrita e literal do Alcorão", explica à AFP. Se Mohammed Merah passou temporadas no Afeganistão e Paquistão no passado, como assegura Guéant, provavelmente se beneficiou de células para fazer essas viagens, acrescentou Caprioli. Mas, explica ainda, "este jovem também pode ser um lobo solitário". Os serviços de inteligência ocidentais calcularam recentemente que são "algumas dezenas" os jovens jihadistas regressados das zonas tribais de Paquistão e Afeganistão, entre eles muitos franceses. Os últimos ataques islamitas na França remontam à onda de atentados de 1995. A morte de Osama Bin Laden, o perigo permanente dos aviões sem piloto americanos e as dificuldades financeiras da Al-Qaeda reduziram o número de voluntários estrangeiros que respondem ao chamado da jihad, segundo fontes concordantes dos serviços de inteligência. Na ausência de números concretos, parece que a onda de aprendizes jihadistas provenientes do Ocidente para se formar na Al-Qaeda no noroeste do Paquistão está desaparecendo, asseguram. "Há seis meses, os jovens franceses que se encontravam no Paquistão foram embora. Havia cerca de 20 ou 30, originários do Magreb ou convertidos, parece que hoje não resta quase nenhum", havia assegurado à AFP um responsável da luta antiterrorista que pediu o anonimato. Para Dominique Thomas, especialista do islã radical na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais (EHESS), "o métrodo operacional e a logística deste jovem mostram que dispõe de poucos meios e que visivelmente não pertence a esta rede". "A escolha destes objetivos parece algo improvisado, embora aja de forma pensada", acrescenta Dominique Thomas, que o classifica de "soldado perdido". O fato de que os franceses de origem magrebina se vinculem à Al-Qaeda "não é significativo", indica à AFP este investigador: "Qualquer um pode reivindicar ser da Al-Qaeda". Acrescenta que alguns franceses, através de redes, vão ao Paquistão para "melhorar seu salafismo" ou ao Afeganistão para "seguir uma formação militar". Na França, insiste Thomas, "99,9% dos salafistas não são violentos". "Os 'lobos solitários' têm sempre tendência a se inscrever em uma organização muito maior que os excede", conclui Jean-Pierre Filiu, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.

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