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Yuko Sugimoto e sua história são ícones do tsunami japonês

A mulher que foi fotografada procurando seu filho em meio às ruinas, após tsunami, tem sua família reunida e conta a experiência

16:10 | 29/02/2012

ISHINOMAKI, Japão, 29 Fev 2012 (AFP) - Há um ano, a foto de Yuko Sugimoto, envolta num cobertor, com o olhar perdido em meio às ruínas do bairro onde morava procurando pelo filho desaparecido, rodou o mundo. Hoje, sua família está de novo reunida, mas as cicatrizes do tsunami estão longe de serem apagadas.

"A tragédia me deu a consciência de que cada dia representa um pequeno milagre", explica ela, retornando ao local onde um fotógrafo imortalizou a angústia de uma das dezenas de milhares de pessoas que tiveram a vida transtornada pelas ondas gigantes do 11 de março de 2011.

Yuko Sugimoto lembra-se muito bem daquele instante, dois dias após a catástrofe, no momento no qual, protegendo-se do frio, ela procurava desesperadamente com o olhar um sinal do filho sumido.

"Estava muito ansiosa. Não parava de me perguntar se estava vivo ou morto".
A jovem mãe de 29 anos estava no trabalho e o filho Raito, 5 ans, na escola maternal, quando o tsumani atingiu Ishinomaki. As ondas cobriram toda a região, com o estabelecimento escolar parcialmente submerso e isolado do mundo, impedindo-a de ir procurar o filho.

De acordo com os rumores, nenhuma criança teria se salvado na escola.
Durante três dias, Yuko Sugimoto e seu marido andaram de abrigo em abrigo, esperando por um milagre, que finalmente aconteceu, no dia 14 de março.

"Por causa das lágrimas, não podia sequer ver o rosto de meu filho, fiquei também emudecida. Quando voltei a mim, ele estava nos braços de seu pai, contou ela à AFP.

"Antes do desastre, considerava minha família um bem eterno. Mas aprendi, depois, que devemos apreciar devidamente cada novo dia que nasce e dar a ele seu devido valor".

Medo do escuro Após ter encontrado seu filho, ela soube que as 11 crianças que estavam na escola naquele momento puderam escapar do tsunami subindo no telhado do estabelecimento.

Eles chegaram a tiritar de frio lá, até as duas horas da manhã, ou até que a água baixou o suficiente para permitir que descessem ao primeiro andar do prédio e esperassem a chegada de um barco de socorro.

Yuko Sugimoto sabe que apesar da perda de sua casa e de todas as suas posses, foi uma grande felicidade ter tido sua família poupada.

Mais de 19.000 pessoas morreram durante a tragédia em Tohoku (nordeste do Japão). Os corpos da maioria nunca foram encontrados.

A família Sugimoto faz parte das dizenas de milhares que ainda vivem em casas precárias fornecidas pelas autoridades.

Aparentemente, o pequeno Raito se adaptou à nova vida, mas a tragédia o afetou profundamente, conta a mãe.

Durante as semanas que se seguiram ao 11 de março, a mínima advertência sobre a possibilidade de um tsunami o deixava doente. Além disso, o menino passou a ter um medo terrível do escuro.

"Não é visível ao primeiro olhar, mas ele tem uma grande cicatriz em seu interior".

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