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Síria critica Arábia Saudita por ideia de armar oposição

18:05 | 25/02/2012
A Síria criticou a Arábia Saudita neste sábado, um dia após o ministro das Relações Exteriores do país ter dado apoio à ideia de armar os rebeldes que lutam contra o regime do presidente Bashar Assad, acusando Riad de se tornar "parceiro" das mortes que acontecem na Síria.

A dura resposta de Damasco, publicada no jornal estatal Al Thawra, surgiu no momento em que ativistas afirmaram que as forças do regime estavam cercando bairros sitiados por rebeldes na cidade de Homs, onde o Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou que foram retomadas as negociações para retirar civis e dois jornalistas ocidentais feridos em um ataque do governo nesta semana.

A Síria criticou o ministro das Relações Exteriores saudita, Saud al-Faisal, por ele ter afirmado que apoia a entrega de armas e munições a grupos que lutam contra o regime sírio. "Acho que é uma excelente ideia, porque eles têm que se defender", disse.

O Al Thawra afirmou que Saud, ao dar apoio a uma oposição armada, tornou-se um "parceiro direto no derramamento de mais sangue sírio". O jornal reflete o ponto de vista do governo sírio.

As relações tradicionalmente frias da Síria com a Arábia Saudita pioraram muito desde que começou o levante contra Assad. A Arábia Saudita tem sido um forte crítico do regime de Assad e seus ataques brutais contra a oposição sunita.

Neste sábado, um bombardeio do governo matou pelo menos nove pessoas em Homs, onde uma equipe da Cruz Vermelha resgatou 27 pessoas do bairro Baba Amr. Mas aparentemente o grupo não conseguiu retirar os dois jornalistas feridos nem recuperar os corpos de dois outros que foram mortos por um ataque do governo nesta semana.

O porta-voz da Cruz Vermelha Hicham Hassan afirmou que o grupo e a Crescente Sociedade Vermelha Árabe retomaram as negociações com o governo e a oposição para continuar a retirar todas as pessoas que precisam de ajuda na região.

Um comunicado anterior informava que sete pessoas foram levadas para o hospital particular de al-Amin, que fica na região. Também não ficou claro para onde as outras pessoas foram levadas. A jornalista francesa Edith Bouvier, do Le Figaro, e o fotógrafo britânico Paul Conroy, do Sunday Times, pediram ajuda para sair da cidade depois de terem sido feridos em um ataque do governo a um centro de imprensa na quarta-feira.

O fotógrafo francês William Daniels, que não foi ferido, também estava no grupo, assim como o jornalista espanhol Javier Espinosa. No mesmo ataque a correspondente norte-americana Marie Colvin, também do Sunday Times, e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos.

O esforço para retirar os jornalistas e os cidadãos sírios feridos da cidade faz parte de uma tentativa internacional ampla para levar ajuda a pessoas nas áreas mais atingidas pela repressão do regime aos protestos contra o presidente Bashar Assad. Mas a incapacidade da Cruz Vermelha de cumprir todo o plano não soa bem para o futuro da ajuda internacional.

O Ministério de Relações Exteriores do país acusou "grupos armados" de se recusarem a entregar os jornalistas e um ativista local, Abu Mohammed Ibrahim, contactado por meio do programa de comunicação online Skype, afirmou que os jornalistas se recusaram a partir porque a Cruz Vermelha não entrou na área, apenas a Crescente Vermelha Síria, que, segundo ele, está cheia de "colaboradores do regime".

"Os jornalistas também se recusaram a entregar os corpos", disse Ibrahim. "Eles não sabem o que o governo fará com eles", acrescentou. As informações são da Associated Press.

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