ABBOTTABAD, Paquistão, 27 Fev 2012 (AFP) - As autoridades paquistanesas demoliram nesta segunda-feira a residência de Abbottabad onde Osama bin Laden vivia há cinco anos quando um comando americano o matou, no dia 2 de maio de 2011, tornando-se um incômodo símbolo da Al-Qaeda para o Paquistão.

As máquinas levaram dois dias para demolir completamente a construção branca de três andares erguida em Bilal Town, um tranquilo bairro suburbano desta bucólica cidade do norte, situada a cerca de 50 km de Islamabad.

Bin Laden, que planejou e organizou os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, aparentemente viveu lá durante cerca de cinco anos com três de suas mulheres e pelo menos nove crianças, assim como um de seus filhos adultos e vários guardas.

A demolição, que teve início sem ser anunciada antecipadamente e sob forte proteção policial, foi concluída nesta segunda-feira de manhã. Cerca de 500 policiais, assim como soldados, haviam sido mobilizados nos arredores para impedir o acesso.

O governo paquistanês, que queria impedir que o edifício se tornasse um lugar de peregrinação islamita, decidiu derrubá-lo rapidamente, antes do primeiro aniversário do ataque noturno americano, considerado uma humilhação em um país zeloso de sua segurança e de sua soberania.

A operação contribuiu em boa medida para degradar as relações já tempestuosas entre Estados Unidos e Paquistão, que havia recebido status de aliado-chave de Washington na região depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

A presença de Bin Laden nesta cidade-quartel, a poucas centenas de metros da principal academia militar do país, foi um elemento adicional nas acusações de incompetência ou de cumplicidade com os islamitas contra o Exército paquistanês, sobretudo nos Estados Unidos, onde o Paquistão é regularmente acusado de duplicidade com algumas redes extremistas.

Depois da operação comando, autoridades americanas descreveram a casa como um local luxuoso. Finalmente, descobriram que era modesta e que tinha pouco conforto. A residência, construída entre 2005 e 2006, se distinguia sobretudo pelo tamanho (cerca de 3.000 m2) do complexo sobre o qual havia sido edificado, cujas dimensões eram muito grandes para esse bairro.

Durante a sua operação relâmpago, os comandos americanos apreenderam no local documentos e computadores depois de matar Bin Laden, seu filho adulto e os homens encarregados da proteção.

Depois, a casa foi revistada minuciosamente pelos serviços de inteligência, que prenderam as três mulheres do líder da Al-Qaeda e levaram as crianças que lá estavam, e depois pelo Exército e pela polícia. Desde então, as forças de segurança paquistanesas impediam qualquer acesso à residência.

"Não encontramos nada na casa. Os investigadores já haviam levado tudo", afirmou a autoridade local de segurança.

As autoridades paquistanesas, muito discretas a respeito do que ocorreu no dia 2 de maio, não indicaram o que pretendiam fazer com o terreno onde estava a casa.

Nesta segunda-feira, vários moradores de Bilal Town, que não disfarçaram sua surpresa em maio passado quando souberam que Bin Laden vivia lá, pediram a construção de uma escola para meninas para melhorar a imagem de um bairro que teve sua tranquilidade perturbada de repente, transformando-se aos olhos do mundo inteiro em um símbolo do extremismo.

Poucas horas depois do ataque de 2 de maio, os americanos anunciaram que haviam jogado o corpo de Osama bin Laden no mar, próximo ao litoral do Paquistão.