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Autoridades dizem que navio acidentado estava próximo demais da costa

08:56 | 16/01/2012
Promotor italiano afirma que rota seguida pelo navio acidentado Costa Concordia não era a correta. Para dono da operadora de cruzeiros, capitão cometeu 'erros de julgamento' que tiveram 'graves consequências'. Passadas mais de 48 horas do acidente com o navio de cruzeiro Costa Concordia, no litoral italiano na noite da última sexta-feira (13/01), as equipes de resgate encontraram na manhã desta segunda-feira (16/01) o corpo de um homem a sexta vítima fatal da tragédia até agora. Ele vestia um colete salva-vidas e estava em um corredor dentro do navio. Os outros mortos no acidente são dois turistas franceses, um italiano, um espanhol e dois tripulantes peruanos. No domingo, as equipes de resgate conseguiram salvar três pessoas com vida: um casal sul-coreano em lua de mel, e um italiano, que fazia parte da tripulação. Eles foram levados de helicóptero para a terra firme. Catorze pessoas, porém, continuam desaparecidas. O pessoal do resgate explica que a busca por vítimas no navio é extremamente perigosa porque o convés está com uma inclinação de quase 90 graus, e ainda há risco de o navio deslizar sobre as pedras e afundar de vez. Eles garantem, porém, que as buscas continuam até que todo o navio tenha sido averiguado. Suspeitas sobre o capitão Em nota divulgada no domingo, a empresa proprietária do Costa Concordia, Costa Crociere, afirmou que o capitão, Francesco Schettino, 52 anos, responsável pela embarcação, teria cometido "erros humanos significativos" e o acusa de não ter seguido e os procedimentos da empresa no gerenciamento da emergência. "Parece que o comandante cometeu erros de julgamento que tiveram graves consequências", afirma Crociere. A empresa é uma das maiores operadoras de cruzeiros da Europa, e alcançou em 2010 um volume de negócios de 2,9 bilhões de euros. Schettino e seu primeiro oficial, Ciro Ambrosio, foram detidos no sábado. O promotor responsável, Francesco Verusio, declarou que o capitão teria abandonado a embarcação antes que todos os passageiros tivessem deixado o navio. Guardas costeiros também declararam que o capitão ignorou os repetidos pedidos para voltar ao navio durante a evacuação. O capitão, no entanto, afirmou à mídia italiana que foi um dos últimos a deixar o barco e teria feito de tudo para salvar vidas. De acordo com o código italiano de navegação, um capitão que abandona um navio em perigo pode ser condenado a até 12 anos de prisão, informa a agência de notícias AFP. "A rota seguida pelo navio não era a correta", afirmou Verusio, acusando Schettino de ter se aproximado demais da ilha Giglio. A Associação Europeia de Passageiros de Cruzeiros (Eucras, em inglês) também declarou, de posse dos dados da navegação, que o navio estava em uma área perigosa, muito perto da costa. A população de Giglio afirmou que o navio passou muito perto da ilha na noite de sexta-feira. Há suspeitas de que Schettino tenha feito a manobra para agradar alguém. Na opinião de especialistas, a queda de energia a bordo também pode ter sido uma das causas do acidente. Sem energia, a tripulação pode ter perdido o controle do navio. Promotores avaliam ainda que a tripulação não soube agir durante a emergência, deflagrando o início da evacuação apenas uma hora após o acidente. As caixas-pretas foram resgatadas e serão analisadas durante as investigações. Risco ambiental Após o trabalho de busca de vítimas, as autoridades italianas querem se concentrar na retirada das quase 2,4 mil toneladas de combustível que o Costa Concordia trazia. Até agora, nada teria sido derramado no Mar Mediterrâneo, mas o ministro italiano de Meio Ambiente, Corrado Clini, advertiu dos riscos ambientais que um eventual acidente pode trazer à região. O Costa Concordia levava 4,2 mil pessoas a bordo, de 60 nacionalidades. Cerca de um terço dos passageiros eram italianos, seguidos de alemães e franceses. Segundo o Itamaraty, todos os 53 brasileiros a bordo sobreviveram. O navio colidiu contra uma rocha na noite da sexta-feira, enquanto os passageiros jantavam. Eles relatam que houve muita confusão e pânico na entrega de coletes salva-vidas e quando foram baixados ao mar os botes de resgate. Eles reclamam de despreparo por parte da tripulação. MSB/afp/dpa Revisão: Roselaine Wandscheer

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