Após levar 20 facadas de ex-companheiro, mulher passa por cirurgias e segue internada
Vítima passou por cirurgias para reconstruir a orelha, que foi decepada, e por procedimento de reconstrução dos tendões. Não há previsão de alta e ela pode ficar sem os movimentos do braço esquerdo
11:48 | Ago. 06, 2025
Após passar por três cirurgias, a vítima de uma tentativa de feminicídio registrada no bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza, segue internada no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro.
A mulher de 48 anos foi alvo de 20 perfurações a faca. O crime foi praticado pelo ex-companheiro da vítima, que não aceitava o fim da relação. Francisco Ricardo Damásio Oliveira foi preso pela Polícia Militar e está à disposição da Justiça.
A filha da vítima, que preferiu não se identificar, relatou que a mãe se relacionava há seis meses com Ricardo, mas que as atitudes dele demonstravam uma personalidade violenta e imprevisível.
Conforme ela, o homem sempre discutia com a companheira por motivos banais e, após o crime, a jovem descobriu que a mãe era vítima de violência psicológica e física. A vítima teria escondido a situação dos parentes por medo.
"Ele já havia agredido ela fisicamente e praticava violência psicológica também. Ele era muito arrogante e agressivo com ela, sem motivos. Até se minha mãe estivesse na casa de minha avó era motivo para ele brigar", descreve.
A filha conta que o relacionamento terminou em uma sexta-feira, 18, e durante o fim de semana o homem permaneceu entrando em contato e chegou a pedir para que a mulher, que estava na casa de familiares, voltasse para a residência dela.
De acordo com o relato da familiar, Ricardo foi até a casa da mãe da vítima e os parentes não abriram a porta. Ele então pulou o muro armado com uma faca e desferiu vários golpes contra a ex-companheira.
A mãe da vítima teria interferido na ação para salvá-la e foi empurrada. O crime aconteceu na frente da filha mais nova da vítima, uma criança autista, e de outras crianças que estavam na casa. Elas pediram socorro aos vizinhos, que foram socorrê-la.
O homem foi alvo de tentativa de linchamento e encaminhado sob escolta ao IJF, mesmo hospital onde estava a vítima. Ele permaneceu dois dias na unidade e foi encaminhado ao sistema penitenciário.
A vítima da tentativa de feminicídio foi atingida na cabeça, teve uma orelha decepada e também foi alvo de perfurações que romperam tendões e artérias. Após quinze dias internada, a mulher passou por cirurgias de reconstrução da orelha.
Atualmente, segundo a filha, que a acompanha no hospital, a paciente está sentindo dores e evita falar sobre o crime.
"Foram muitas facadas e ela não tem previsão de alta. Ela teve a orelha decepada, várias facadas na cabeça e foi para a sala vermelha, pois tinha levado uma facada embaixo do braço, que perfurou uma artéria muito importante e teve hemorragia. Ela passou por um procedimento cirúrgico no mesmo dia. Também passou por cirurgia plástica", descreve a filha.
Vítima pode ficar sem o movimento do braço esquerdo
Além da jovem de 22 anos, a mulher é mãe de uma criança autista de sete anos de idade e também é avó. A irmã relata que a menina dorme com o uso de medicamentos, pois está sentindo a falta da mãe, pois as duas nunca ficaram longe uma da outra por tanto tempo.
"Foram várias facadas nas mãos, os dedinhos dela estão todos cortados e também no rosto. Ela sente dores no braço esquerdo, toma morfina", diz a filha.
A rotina da família foi modificada de forma drástica. Hoje, a filha e as tias se revezam para ficar com a mulher no hospital.
Todos os dias a jovem utiliza as redes sociais para falar sobre a situação da mãe e pedir Justiça. Em meio à dor, diz que busca forças e luta para que o caso não fique impune.
"Meu psicológico está um caos e estou tentando me manter forte pela minha família, que precisa de mim nesse momento, e por minha mãe. Tem momentos que eu só consigo chorar e questionar o motivo de ter acontecido logo com a minha mãe. A cena dela na sala de reanimação não sai da minha mente. São 16 dias que eu não consigo dormir direito, nem comer, ainda estou de pé porque preciso buscar a Justiça, mas estou exausta", afirma.
O POVO não divulga o nome da vítima por ela ser uma sobrevivente e não divulga o nome da filha para não expor a família e identificar a mãe.