Professor da UFC é preso por suspeita de agredir comissários de bordo em voo para Fortaleza

O homem foi indiciado pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo, previsto no Código Penal Brasileiro

22:00 | Jun. 20, 2022

Voo em que o homem era passageiro vinha de São Paulo (foto: Bárbara Moira)

Um homem de 42 anos foi preso na manhã desta segunda-feira, 20, no Aeroporto de Fortaleza, após indícios de que ele havia agredido e ameaçado comissários de bordo durante o voo entre São Paulo e Fortaleza. O flagrante aconteceu após o desembarque do passageiro, por volta de 2 horas da madrugada. Ele negou o crime em interrogatório da Polícia Federal (PF).

Além das agressões e ameaças, o homem também teria cometido atitudes que afetaram a segurança do voo, mas os atos não foram especificados em nota divulgada pela PF. O órgão federal divulgou somente que o homem detido é um professor, mas não deu mais detalhes sobre sua identidade.

O docente foi indiciado pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo, crime previsto no artigo 261 do Código Penal Brasileiro que prevê pena de dois a cinco anos de reclusão. Ele está à disposição da Justiça Federal e as investigações acerca do episódio continuam.

O POVO apurou que o homem trata-se de um professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), identificado como William Paiva Marques Júnior. Em audiência de custódia disponível no site da Justiça Federal no Ceará (JFCE), o juiz federal da 11ª Vara, Danilo Fontenelle Sampaio, decidiu por não converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, liberando o docente.

Quando o magistrado registrava sua decisão, o professor se emocionou e disse que não havia passado por um constrangimento maior em sua vida. Detido durante algumas horas, ele disse na sessão que perdeu compromissos profissionais, como bancas de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O juiz reconheceu a ilegalidade do flagrante e considerou a inexistência de "indícios de qualquer fato real" que o professor tenha colocado a segurança da aeronave em risco.

Fontenelle Sampaio disse que o incidente afeta os aplicadores do direito, já que mostra a "fragilidade" encontrada em situações desse tipo. "Fique completamente tranquilo que a sua reputação, sua formação como professor sequer foram abaladas", enfatizou o juiz ao homem. A reportagem questionou a UFC sobre a situação, mas a instituição respondeu em nota que "não comentará o episódio".

O que diz o professor

O professor disse que os problemas começaram ainda em seu primeiro destino, no Rio de Janeiro, quando a companhia aérea responsável pelo seu trajeto não havia emitido o bilhete para o trajeto entre São Paulo, onde faria conexão, e Fortaleza, seu destino final. Contudo, essa parte foi resolvida sem problemas.

Já no voo entre São Paulo e Fortaleza, ele conta que ele começou a enfrentar dificuldades porque o bagageiro da aeronave estava emperrado. O docente chegou a reclamar para a aeromoça que a frota de aeronaves era antiga e a empresa estava com veículos velhos. A profissional, então, disse que o professor estava sendo grosseiro, e o orientou a colocar suas bagagens no bagageiro acima do assento ao seu lado.

“Quando eu coloquei, não coube todos os meus pertences, porque eu estava com várias sacolas de mão. E ela disse que a sacola não caberia no espaço e jogou no meu colo com toda força”, narra o docente. Ele lembra que disse para a aeromoça que caberia e colocou os pertences no local. Posteriormente, o professor conta que houve uma nova situação, em que a profissional recolheu o lixo de todos os passageiros da aeronave, exceto o dele.

“Aí eu peguei meu copo e joguei no lixo. Então ela e o companheiro dela de trabalho interpretaram como afronta o fato de eu ter colocado o copo no lixo e falaram para o comandante”, explica. “É surreal o que está acontecendo comigo. No meu entender isso é uma demanda consumerista que eu não entendo como é que desemboca numa seara criminal”, argumenta.

O POVO tentou entrar em contato com a Latam, empresa aérea responsável pela viagem do passageiro, pelo número de telefone disponibilizado no site oficial da companhia, mas não foi atendido até a publicação desta matéria.

Atualizada às 00h02min da terça-feira, 21

Atualizada às 10h39 de 21/06/2022