Com uso obrigatório, máscaras N95 estão em falta nas farmácias de Fortaleza

Alta procura esgotou estoques das farmácias; item de proteção específico passou a ser exigido nesta segunda-feira, 24, para trabalhadores de farmácias, supermercados e escolas

23:16 | Jan. 24, 2022

Nas maioria das farmácias da Capital, clientes encontram apenas máscaras cirúrgicas (foto: Thais Mesquita)

Desde o anúncio da obrigatoriedade do uso de máscaras N95, PFF2 ou similares para escolas, farmácias e supermercados do Ceará, a procura por esses modelos específicos de proteção facial não para de crescer nas farmácias de Fortaleza. Nesta segunda-feira, 24, primeiro dia da nova regra, o produto estava disponível em poucas farmácias da Capital. De três drogarias visitadas pelo O POVO, apenas uma ainda tinha unidades à venda, mas com estoque prestes a acabar.

A reportagem foi às farmácias Drogasil, Extrafarma e Pague Menos, todas na avenida Barão de Studart, no bairro Aldeota. Na primeira, a atendente informou que as últimas N95 foram vendidas no fim de semana. Segundo ela, os lotes enviados pelo fornecedor do estabelecimento na semana passada, demoraram apenas algumas horas para se esgotar. “A procura foi muito grande. A gente colocou para vender de manhã e de tarde não tinha mais nada”, contou. De acordo com a funcionária, ainda não há previsão de quando a situação será normalizada.

Na Extrafarma, a situação é a mesma. Os clientes que chegam ao local só encontram disponíveis as máscaras cirúrgicas, que não se adequam à exigência do Governo. Uma funcionária da farmácia contou que o fornecedor já foi contatado diversas vezes, mas ainda não sinalizou capacidade de atender aos pedidos. “Por enquanto, N95 mesmo a gente só tem para os funcionários. A escassez é geral”, lamentou.

Dos três estabelecimentos visitados pela reportagem, apenas na Pague Menos havia unidades PFF2 disponíveis para venda. As N95 já haviam se esgotado durante a manhã, segundo um atendente. “A procura aumentou muito desde quando saiu o decreto, mas o pico foi hoje. O pessoal deixou para comprar de última hora. Hoje, por exemplo, eu recebi um pedido de uma grande rede de lojas que ainda não tinha conseguido encontrar [a N95]. Como aqui tinha poucas unidades, não consegui atender”, contou o vendedor.

As cerca de 50 unidades ainda dispostas nas prateleiras são as últimas do estoque da farmácia. O funcionário explicou que não há data para a chegada de um novo lote com esses modelos de máscara, embora a empresa fornecedora já tenha sido procurada diversas vezes. No estabelecimento, cada unidade de PFF2 custa 14,99, o mesmo valor de um kit com 3 máscaras N95.

Proteção maior

Mas afinal, porque as máscaras N95 ou PFF2 são consideradas mais eficazes na proteção contra vírus respiratórios? Christianne Takeda, infectologista do Hospital São José, explica: “Elas protegem bem mais que a máscara cirúrgica e a máscara de tecido. As máscaras N95 são similares às dela no País, que é a PFF2, protegem a gente contra aerossóis. Que são partículas muito pequenininhas, do tamanho de um grão de poeira. E mesmo uma coisa bem pequena ela consegue filtrar, porque ela tem várias camadas pra fazer essa proteção”, disse.

Guilherme Henn, médico infectologista e presidente da Associação Cearense de Infectologia, afirma que a máscara N95/PFF2 é o melhor filtro que existe. "É a máscara que melhor encaixa no rosto e não deixa espaços nas laterais, nem por cima ou por baixo, locais por onde as partículas com o vírus podem entrar”, explicou.

Um teste com os 227 modelos de máscaras vendidas no Brasil foi realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A partir de uma solução de cloreto de sódio, partículas de aerossol menores que às do SARS-CoV-2 eram lançadas no ar, para em seguida medir-se a concentração dessas substâncias que ficavam na máscara.

O estudo comprovou que as máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95, quando certificadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conseguiam filtrar entre 90% e 98% das partículas de aerossol. (Colaborou: Danrley Pascoal)

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