Moradores do Carlito Pamplona ameaçam linchar sargento acusado de estupro

Policial militar é acusado de estuprar adolescente de 13 anos e, depois, ameaçar de morte a vítima e a avó da garota

16:28 | Ago. 25, 2021

Moradores da rua 1º de Julho, no Carlito Pamplona, em Fortaleza, ameaçam linchar o sargento da Polícia Militar RRD acusado de estuprar a adolescente Maria (nome fictício) de 13 anos. A revolta, segundo a avó da garota e de vizinhos dela ouvidos pelo O POVO, recai sobre o fato de o militar se encontrar “solto no bairro, mesmo depois do estupro e de ameaçar de morte a avó e a menina”.

“Hoje de manhã, eu estava no mercantil e tomei um susto quando ele entrou de calção e sem camisa. Falei alto: o estuprador está solto? E uns homens atrás de mim perguntaram quem era. Ele correu. E os rapazes disseram que eu procurasse a delegacia e a Justiça. Se não resolvessem, eles resolveriam”, contou Iracema Freires Rosa, 62, que pediu para ser identificada na matéria.

Na última quinta-feira, 19, Iracema Freires revelou que o sargento RRD teria ameaçado, duas vezes, “apagar” a avó e a neta caso continuassem a denunciá-lo pelo estupro ocorrido no dia 8 de julho deste ano. O militar foi flagrado pelas câmeras de segurança da casa na porta da dona de casa e circulando em um carro branco na rua onde moram as duas mulheres.

Há uma semana, Iracema Freires pediu proteção e foi ouvida, em termos de declaração, na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). Depois que a avó da garota tornou pública as ameaças de morte e a perseguição, a Delegacia de Assuntos Internos da CGD abriu um segundo procedimento contra o sargento RRD. Agora, por “coação no curso do processo” contra as vítimas. Ele estava sendo investigado pelo crime de estupro contra Maria.

A CGD havia pedido o afastamento de RRD “em razão da conduta acentuadamente grave (do sargento), prática de ato incompatível com a função pública, clamor público e pela garantia de uma instrução regular do processo e proteção à vítima e sua avó”.

Iracema Freires promete ir ao Fórum Clóvis Beviláqua e ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), com moradores do Carlito Pamplona, fazer uma manifestação contra a demora para se decretar a prisão preventiva do militar acusado.

“Ele sequestrou, levou à força minha neta para um motel, algemou a menina, estuprou, ameaçou nós duas de morte na calçada aqui de casa e ainda assim está solto? O que falta para prender esse criminoso? Que ele mate uma de nós? Ou que a gente procure outro jeito de ele pagar pelo que fez? Aí, vão nos prender”, desabafou Iracema Freires.

De acordo com a avó de Maria, depois do estupro, a adolescente já tentou se matar quatro vezes. “Ela não sai mais de casa com medo, deixou de ir à escola. A psicóloga do CAPS(Centro de Atenção Psicossocial) atendeu uma vez e, agora, só daqui a dois meses. O que é que eu faço?”, reclamou a dona de casa.

Pedido de prisão preventiva foi reiterado

O POVO apurou que o delegado Levy Louzada, da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente(Dceca), já “pediu e reiterou” a prisão preventiva contra o sargento RRD. O policial militar é acusado de raptar e estuprar uma garota de 13 anos em um motel no bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza.

O pedido de prisão preventiva seria por causa das “ameaças de morte” depois que o militar foi denunciado pela avó e a adolescente pelo estupro ocorrido no dia 8 de julho deste ano. “Há mais de um mês a vida dessa menina e a minha virou um inferno, e a Justiça faz de conta que a gente não existe. É por que a gente é pobre?”, questiona Iracema Freires Rosa, avó da vítima.

Ao O POVO, a “Polícia Civil informou que a Dececa (Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente) investiga um caso de estupro, ocorrido no dia 8 de julho deste ano, tendo como vítima uma adolescente de 13 anos. Detalhes do trabalho policial não serão divulgados visando não comprometer as investigações em andamento”, diz a nota pública.

O POVO enviou perguntas também, por e-mail, à assessoria de imprensa do Comando Geral da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Dentre os questionamentos, se o sargento estava afastado e se era acusado por outros crimes.

Em nota, a PMCE respondeu que “o órgão responsável para tratar acerca dessa questão é a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). Ademais, a PMCE ratifica que não compactua com condutas ilícitas. Por isso, faz cumprir rigorosamente as normas legais, sem deixar de respeitar, naturalmente, os princípios da inocência, contraditório e ampla defesa”.

O POVO pediu os contatos do sargento RDD, mas o comando da PMCE não repassou.

 

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