Fortaleza é a capital do Nordeste com maior crescimento populacional em 2018

A taxa equivale ao número de nascimentos subtraído do número de mortes. Especialista aponta maior especialização médica no período neonatal como razão para aumento

10:22 | Dez. 04, 2019

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou dados. (foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)

Fortaleza é a capital do Nordeste com o maior crescimento populacional do Nordeste em 2018, de acordo com dados divulgados na manhã desta quarta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa equivale ao número de nascidos vivos (34.652) subtraído do número de mortes (15.845) nesse período. A Capital tem a segunda maior população da Região, com mais de 2,6 milhões de habitantes, atrás apenas de Salvador (BA), que ocupa o segundo lugar no ranking de crescimento em 2018.

Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), as cidades que registraram o maior crescimento foram Maracanaú, Caucaia e Eusébio. Já no interior do Estado, o maior aumento foi contabilizado em Sobral, Juazeiro do Norte e Crateús, todas com mais de 80 mil habitantes, segundo estimativa divulgada pelo IBGE em agosto deste ano.

Para Thereza Magalhães, professora de enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os dados são um reflexo de uma maior especialidade médica, principalmente com os recém-nascidos. Ela pondera que a Medicina evoluiu para além do papel do pediatra e criou Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais, assim como outros profissionais formados especificamente para a área, entre eles o cirurgião pediátrico.

“Todas as crianças que morriam nesse período da vida praticamente hoje não morrem mais. Além disso, a imunização vacinal melhorou muito, ainda que existam movimentos em ascensão contra vacinas. As crianças têm menos diarreias, menos pneumonias”, pontua.

Na contramão dessas estatísticas, nove cidades cearenses tiveram o número de óbitos maior que o de nascimentos. A população do município de Novo Oriente, localizado no Sertão Central do Ceará, foi a que mais encolheu: o número de mortes superou o de nascidos vivos em 91 habitantes. Localizado na mesma macrorregião, Ipaporanga foi a segunda cidade com o maior encolhimento, com 63 habitantes a menos.

A especialista argumenta que nesse caso há uma lacuna na distribuição e articulação de serviços médicos. Ainda que a assistência primária tenha uma estruturação razoável, a hora do nascimento é o momento de maior incerteza e dificuldade para a mãe, de acordo com Thereza.

“O que adianta ter acesso a todas as consultas pré-natais se na hora de parir não há a certeza de onde o procedimento vai ser realizado? Isso fragiliza as mulheres nesse momento. E ainda acontece muito. Poucas pessoas, que têm mais acesso a bens e serviços, conseguem programar onde o filho vai nascer”, ressalta.

A esperança, segundo a professora, é que o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, ajude a melhorar os dados na região. A unidade dispões de 10 leitos de UTI neonatal e Centro de Atenção à Saúde Sexual e Reprodução, com cinco salas obstétricas. “Não é só aumentar o número de leitos, mas reorganizar a dinâmica dos hospitais e do sistema de saúde”, argumenta.